No evento, em que estiveram presentes mais de oito mil vinhos de todo o mundo, a empresa alcançou seis ouros e quatro pratas
12 de outubro de 2020 às 10:521 / 5
A Adega de Pegões foi distinguida com seis medalhas de ouro e quatro de prata no Concurso Mundial de Bruxelas, que se realizou em setembro em Brno, na República Checa, com a presença de mais de oito mil vinhos de quase 50 países. Dos vinhos distinguidos com ouro destaca-se o Adega de Pegões Syrah, para além das referências Adega de Pegões Touriga Nacional, Adega de Pegões Colheita Selecionada Branco ou Rovisco Pais Premium, que conseguiram o mesmo galardão.
O Adega de Pegões Syrah já tinha sido anteriormente considerado o "melhor vinho de Portugal" no Korea Wine Challenge, que decorreu na Coreia do Sul, evento no qual a Adega de Pegões ganhou mais duas medalhas de ouro, uma delas com o seu Moscatel de Setúbal e outra com o Adega de Pegões Colheita Selecionada Branco. A empresa ainda obteve uma de prata com o Alicante Bouschet e uma de bronze com o Adega de Pegões Colheita Tinto.
O melhor vinho na Rússia
Em fevereiro, o Adega de Pegões Aragonês recebeu o Cisne de Ouro por ter sido considerado o melhor vinho no concurso decorrido na Rússia, durante a Feira Prodexpo, um dos maiores eventos realizados neste país, depois de ter alcançado o mesmo galardão em 2017. Além deste troféu, a empresa ganhou uma Prodexpo Star (segunda distinção mais alta), 11 medalhas de ouro e sete de prata. Foi a empresa de vinhos mais premiada no evento.
Assim, neste ano tão singular, que está a decorrer em todo o mundo sob os efeitos da pandemia de Covid-19, em que houve muito menos concursos nacionais e internacionais de vinho, a Adega de Pegões já conseguiu um total de 130 medalhas desde janeiro.
"A Adega de Pegões é, neste momento, a maior cooperativa vitivinícola do país, com vendas de 23 milhões de euros no ano passado", diz Jaime Quendera, enólogo e diretor-geral da empresa. Acrescenta que as vendas apenas decresceram 8% nos primeiros seis meses deste ano, percentagem significativamente mais baixa do que a queda global de vendas no mercado nacional, que foi de 23,9%. "Estes dados são positivos, porque as exportações decresceram, como seria de esperar, dado a Europa, o nosso principal mercado, também ter entrado em confinamento", explica o responsável. Em Portugal, enquanto as vendas no canal Horeca decresciam quase 50%, as da distribuição moderna aumentavam 8%, o que contribuiu para o impacto desta crise não ter sido tão significativo na atividade da Adega de Pegões.
"A empresa sempre se posicionou pela relação qualidade-preço dos vinhos que coloca no mercado, o que a torna mais resiliente em tempos de crise como a que atravessamos", explica Jaime Quendera. E porquê? "Porque os consumidores fazem, nestes momentos, compras mais sóbrias e sábias, o que contribuiu para que as vendas da empresa não tivessem caído de forma tão significativa como as do mercado total." A queda do negócio da empresa na restauração e exportação foi, assim, parcialmente compensada pelo crescimento das vendas para a distribuição moderna. Jaime Quendera diz que já se sentiu alguma retoma nos primeiros dois meses do segundo semestre deste ano e espera que as vendas da empresa atinjam um valor semelhante ao do ano passado, se a tendência se mantiver.
Gerida por Mário Figueiredo, Maria Helena Oliveira e Carlos Pereira, a Adega de Pegões tem como diretor-geral o enólogo Jaime Quendera. Hoje é o maior produtor e principal certificador de vinhos da Península de Setúbal. "O empenho que temos tido em produzir, e pôr no mercado, vinhos com boa relação qualidade-preço ajudou-nos a tornar-nos na maior adega cooperativa do País e maior empresa da região", defende Jaime Quendera.
Com o objetivo de melhorar a qualidade dos seus vinhos, a Adega estabeleceu e concretizou uma estratégia de modernização dos sistemas de produção e de estabilização financeira durante as duas últimas décadas. O efeito desse trabalho é sentido pelos parceiros da empresa e pelos consumidores e é o fator principal que tem sustentado a evolução positiva e o sucesso do seu negócio, e o reconhecimento das suas marcas cá e lá fora.
Há dois anos foi feito um reforço de capacidade de vinificação e armazenamento de mais quatro milhões de litros de vinho, para fazer face à procura crescente dos mercados, que se espera que se acentue no próximo ano, depois de os efeitos depressivos sobre a economia, provocados pela pandemia na economia global, deixarem de se fazer sentir.
A adega é moderna e dinâmica, vocacionada para a produção de vinhos com boa relação preço-qualidade, dos vinhos tranquilos aos espumantes e moscatéis. Isto tem sido confirmado pelos resultados das suas marcas nos concursos nacionais e internacionais do setor, em que a Adega de Pegões obteve 261 medalhas em 2018. Nos últimos 14 anos, a empresa conquistou mais de 1000 medalhas em concursos realizados um pouco por todo o mundo.
Uvas de qualidade em 2020
Fundada em 1958, produz e comercializa atualmente mais de 17,5 milhões de garrafas para mais de 40 países em todo o mundo. "São os mais interessantes para a empresa", explica Jaime Quendera, enólogo e diretor-geral da empresa. Com um volume de negócios de 23 milhões de euros, a Adega de Pegões perspetiva atingir o mesmo valor este ano, apesar do impacto no negócio da crise.
Situada entre duas reservas naturais, a do estuário do Tejo, a noroeste, e a do Sado, a sudoeste, e tendo a poente a serra da Arrábida e a nascente os barros alentejanos, a região de Pegões apresenta condições de vegetação privilegiadas para a vinha. Com o seu clima mediterrânico, a influência do oceano Atlântico, e o seu solo arenoso e pobre, origina vinhos de características ímpares, próprios de um terroir distinto.
É uma zona de planície, formada pela deposição de materiais carregados pelos rios Tejo e Sado durante milhões de anos, onde são atingidas temperaturas muito elevadas durante o verão. O excesso de calor é aplacado pelas brisas marítimas que sopram do lado do Atlântico, suavizando o ambiente e impedindo que a temperatura média do ar ultrapasse os 45 ºC. Contribuem, assim, para os vinhos produzidos em Pegões não serem demasiado maduros e terem alguma frescura.
Além disso, a presença de um lençol freático próximo da superfície do solo ajuda as vinhas a manterem-se verdejantes, contribuindo para a elevada concentração de açúcares nos bagos de uva. "Trata-se de uma maturação homogénea, e os vinhos que produzimos aqui refletem isso", explica Jaime Quendera. "É preciso não esquecer que, apesar de o Homem ter um papel importante na produção dos vinhos, 70% das suas características dependem da qualidade das uvas que chegam à porta da adega", acrescenta.
As que a empresa transforma têm, hoje, origem em mais de 1150 hectares de vinhas dos seus associados. São principalmente castas tintas, que correspondem a 70% de um encepamento dominado por Castelão, Syrah e Touriga Nacional. As principais variedades brancas são a Fernão Pires, o Moscatel e o Verdelho. A sua produção, este ano, foi um pouco superior à do ano passado, enquanto a de uvas tintas e a destinada à produção de Moscatel de Setúbal foram um pouco mais baixas. Em todos os casos, Jaime Quendera diz que a qualidade média é bastante boa, e que espera mais um ano de produção de vinhos com uma boa relação qualidade-preço para o mercado.
A Adega de Pegões em números
23 milhões de euros de volume de negócios em 2019 17,5 milhões de garrafas vendidas atualmente 35% da produção é para exportação Está presente em mais de 40 países Canadá, Polónia, Reino Unido, Holanda, Filipinas, Alemanha são os principais mercados externos Mais de 20 milhões de euros de investimento feito nos últimos 10 anos 90 sócios 75 colaboradores 1170 hectares de área de vinha