Henrique de Freitas desfilia-se do Chega por estar farto de ver espezinhada função presidencial

"Com 'conversas da treta' estamos a transformar em 'bandalheira' a mais nobre eleição em Portugal. É muito triste este afrontar das instituições", frisou.

19 de novembro de 2025 às 19:14
Henrique de Freitas Foto: Henrique de Freitas /Plataforma X
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O ex-deputado do Chega Henrique de Freitas pediu a desfiliação do partido por considerar que a dignidade da função presidencial está a ser espezinhada e que a direção nacional responde a questões complexas com "cartazes primários".

"Com 'conversas da treta' estamos a transformar em 'bandalheira' a mais nobre eleição em Portugal. É muito triste este afrontar das instituições", sustenta Henrique de Freitas numa carta enviada ao presidente da Mesa Nacional do Chega, João Lopes Aleixo, a que a agência Lusa teve acesso.

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Na missiva, o ex-secretário de Estado do Governo PSD-CDS de Durão Barroso, que aderiu ao Chega em 2024, considera que "Belém Primeiro" deveria ser o lema da candidatura de André Ventura "para que se afastasse a ideia já estabelecida de um 'São Bento depois'", numa alusão implícita.

"Não, não aderi ao Chega para ver espezinhada a dignidade da função presidencial", escreve o antigo deputado do PSD e do Chega, pedindo a desfiliação do partido, de que é o militante 53209.

Henrique de Freitas afirma ter aderido ao Chega "para defender novas ideias que enfrentassem novos problemas", apontando os casos da "globalização desenfreada, a imigração excessiva, a proletarização das classes sociais, o pensamento único das elites mediáticas, o desmoronamento da autoridade e da disciplina, o ataque 'woquista' à Escola e à Defesa nacional, a insegurança crescente e a demissão do Estado em vários setores da sua atividade".

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"Mas a Direção Nacional, à falta de pensamento e de ideias novas, resolveu dar resposta a tudo isto - questões complexas - com cartazes primários que apontam culpados a dedo. Faria melhor se se inspirasse no pensamento cristão onde a culpa nunca pode ser coletiva", sublinha.

O ex-deputado lembra que aderiu ao Chega em 2024, num "momento de degradação da vida política portuguesa, marcada por sucessivos casos de corrupção" e que conduziu à marcação de eleições antecipadas.

"Acreditei que a convergência de vontades visível no decorrer dos trabalhos da Convenção de Viana do Castelo, do mesmo ano, podia levar o Partido 'com novas cores' a ter 'Portugal como destino' e a fazer relembrar a AD de Francisco Sá Carneiro", escreve, acrescentando que foi essa a esperança que o animou enquanto militante, dirigente e deputado.

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Henrique de Freitas diz que em Portalegre, o distrito que o elegeu em 2024, encontrou "gente valente, honesta e desinteressada com enorme dedicação ao Partido" e da qual o Chega precisava para se afirmar. Só que "a Direção Nacional fez outras escolhas, más escolhas, destruiu um projeto e conduziu o Partido a resultados autárquicos humilhantes".

Do mesmo modo, refere que aderiu ao partido "na expectativa de encontrar um novo ambiente político que elevasse a discussão e o debate para patamares éticos, morais e de urbanidade", mas "a escolha da Direção Nacional foi noutro sentido, no mau sentido, e promoveram-se comportamentos no espaço público-televisivo e parlamentar a todos os títulos reprováveis".

Antes de aderir ao Chega, em 2024, quando ainda militava no PSD, Henrique de Freitas foi secretário de Estado da Defesa e dos Antigos Combatentes no XV Governo Constitucional e secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros no XVI Governo Constitucional, chefiados por José Manuel Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, respetivamente.

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No Chega, Henrique de Freitas tinha abandonado a presidência da Distrital de Portalegre do partido após ter ficado fora das listas de candidatos a deputados às legislativas de maio.

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