Governo português recorda cooperação de De Klerk com Nelson Mandela

Governo português destacou o papel do antigo chefe de Estado sul-africano Frederick De Klerk, que morreu hoje aos 85 anos, no fim do regime do 'apartheid'.

11 de novembro de 2021 às 20:08
De Klerk e Nelson Mandela Foto: CMTV
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O Governo português destacou o papel do antigo chefe de Estado sul-africano Frederick De Klerk, que morreu hoje aos 85 anos, no fim do regime do 'apartheid' e recordou a sua cooperação com Nelson Mandela.

Numa breve mensagem colocada nas redes sociais do Ministério dos Negócios Estrangeiros pode ler-se: "Frederik de Klerk será recordado pelo seu papel no fim do apartheid na África do Sul e pela cooperação com Nelson Mandela, com quem partilhou o Prémio Nobel da Paz, em 1993".

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O antigo presidente sul-africano Frederik W. de Klerk, o último chefe de Estado da era do 'apartheid' da África do Sul, morreu hoje na Cidade do Cabo aos 85 anos, vítima de cancro.

Também o chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou hoje De Klerk como uma "figura marcante do fim do 'apartheid' e da transição para a democracia" na África do Sul.  

Numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa "apresenta condolências à família e amigos do antigo chefe de Estado sul-africano e Nobel da Paz, Frederik W. de Klerk".

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Num discurso proferido no parlamento da África do Sul no dia 02 de fevereiro de 1990, De Klerk anunciou que aquele que viria a ser o primeiro Presidente negro da África do Sul seria libertado da prisão após 27 anos de cativeiro.

O anúncio eletrizou na altura o país, que durante décadas tinha sido desprezado e sancionado por grande parte da comunidade internacional pelo seu brutal sistema de discriminação racial conhecido como 'apartheid'.

Com o aprofundamento do isolamento da África do Sul e a sua economia outrora sólida a deteriorar-se, De Klerk, que tinha sido eleito presidente apenas cinco meses antes, anunciou também no mesmo discurso o levantamento da proibição do Congresso Nacional Africano (ANC) e de outros grupos políticos anti-'apartheid'.

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Vários membros do parlamento abandonaram nesse dia a câmara enquanto o presidente discursava.

Nove dias mais tarde, Mandela saiu em liberdade e quatro anos depois seria eleito o primeiro presidente negro do país, em resultado de os negros terem pela primeira vez exercido o direito de voto.

De Klerk e Mandela receberam o Prémio Nobel da Paz em 1993 pela sua cooperação, muitas vezes intensa, no processo de afastamento da África do Sul do racismo institucionalizado e em direção à democracia.

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Num vídeo divulgado hoje pouco após a sua morte pela fundação com o seu nome, De Klerk pede "desculpas pela dor e o sofrimento, a indignidade e os danos" causados aos negros, mulatos e indianos.

Reconhecendo que defendeu a segregação do 'apartheid' na juventude e mesmo como deputado e ministro, De Klerk garante que a sua opinião "mudou completamente" no início dos anos 1980, evocando uma experiência próxima de uma conversão.

"No fundo do meu coração, tomei consciência de que o 'apartheid' era um erro, que tínhamos chegado a um local moralmente injustificável", conclui.

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