Homem que atirou ácido sulfúrico à ex-companheira vai ser julgado
O arguido, de 60 anos, está acusado de homicídio qualificado, na forma tentada, e outro de violência doméstica.
O julgamento do homem que alegadamente atirou ácido sulfúrico à ex-companheira, em Regueira de Pontes, Leiria, em fevereiro, está previsto começar a 08 de setembro, no Tribunal Judicial de Leiria.
Ao arguido, de 60 anos, detido preventivamente, o Ministério Público (MP) imputa um crime de homicídio qualificado, na forma tentada, e outro de violência doméstica.
No despacho de acusação, hoje consultado pela agência Lusa, lê-se que o arguido, desde o início do casamento, em 1974, injuriava a vítima e, "durante a gravidez do primeiro filho do casal", desferiu-lhe socos e pontapés, situação que "repetiu noutras ocasiões", tendo aquela chegado a fugir de casa.
Em 2013, a mulher anunciou ao arguido a intenção de se separar, pelo que aquele passou a dizer-lhe: "Se saíres de casa, levas um tiro, agarro em ácido e atiro-to para cima", relata o MP.
Segundo o documento, o suspeito aproveitava qualquer notícia veiculada pela comunicação social acerca de homicídios perpetrados por maridos às suas mulheres para lhe dizer: "Vês o que aconteceu a esta por ter deixado o marido?".
A 02 de fevereiro de 2014, cerca das 13:00, quando ambos almoçavam, viram na televisão uma notícia que dava conta de um agente da PSP que tinha matado a companheira, tendo o suspeito dito à mulher: "Se um polícia que é polícia pode matar a amante, eu também posso matar a minha mulher".
Nesse dia, a vítima saiu de casa e na GNR entregou uma arma e 14 munições que o arguido guardava no interior do quarto de ambos.
Desde então, aquele passou a telefonar-lhe várias vezes ao dia, "querendo saber onde e com quem estava ou dizendo-lhe o que tinha acabado de fazer ou quem tinha estado, uma vez que passou a andar atrás dela", permanecendo, por exemplo, à porta do local de trabalho da vítima.
No dia 07 de fevereiro, pelas 19:30, o arguido deslocou-se a casa da vítima, dizendo que queria falar com ela, mas esta rejeitou abrir a porta e telefonou à filha para convencer o pai a ir embora.
A mulher, contudo, acabou por abrir uma janela do rés-do-chão, pedindo ao arguido para sair dali, mas este foi à garagem e regressou com uma garrafa contendo ácido sulfúrico que arremessou para cima da vítima, atingindo-a na cara, pescoço e barriga, descreve o MP.
O MP acrescenta que a mulher refugiou-se dentro de casa e foi para a casa de banho, onde ao "entrar sentiu o arguido a empurrá-la, fazendo com que caísse na base do chuveiro", tendo aquele aberto a torneira e começado a molhá-la, para depois abandonar o local.
Transportada para o hospital de Leiria, a vítima acabou por ser transferida para a unidade de queimados de Coimbra. As suas lesões "traduzem-se, do ponto de vista médico, em desfiguração grave e permanente", lê-se no documento.
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