Mais de 5 mil com falta de água
Instituto da Água (INAG) revelou que a seca extrema que assola Portugal Continental faz com 5.300 portugueses sintam falta de água em cinco distritos - Guarda, Faro, Aveiro, Beja e Castelo Branco - onde estão referenciados actualmente os maiores problemas de abastecimento público.
Segundo o Relatório Quinzenal de Acompanhamento da Seca, divulgado ontem pelo INAG, o distrito com maiores problemas é Guarda, onde 2.245 pessoas sentem dificuldades de abastecimento de água, nomeadamente nos concelhos de Trancoso (1.000 pessoas), Celorico da Beira (725) e Almeida (520).
Nas dez localidades mais afectadas no distrito da Guarda, as populações estão a ser abastecidas por autotanques. Faro é o segundo distrito mais afectado, com 860 pessoas em 11 localidades do concelho de Alcoutim a terem dificuldade em obter água potável. Este número constitui cerca de 23 por cento da população daquele concelho.
No Alentejo, o distrito de Beja tem problemas de abastecimento de água às populações dos concelhos de Mértola (393 pessoas em 5 localidades) e Odemira (360 - 2). Cinco povoações no concelho de Mértola, num total de 300 pessoas, estão desde Janeiro a ser abastecidas por autotanques.
No distrito de Aveiro, cerca de 750 pessoas em Pessegueiro do Vouga, no concelho de Sever do Vouga, estão com falta de água. Em Castelo Branco, o mesmo problema é sentido nos concelhos de Mação (400 pessoas) e Sabugal (348). Nos distritos de Bragança e Viseu foram também registados problemas em cinco povoações, afectando cerca de 120 pessoas em cada um dos distritos.
Para remediar o problema de abastecimento público de água às populações e sendo esta uma crise que se pode agravar de forma dramática caso não comece a chover, o INAG propõe a abertura de novos furos nas povoações mais afectadas e a racionalização do consumo.
O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Fernando Ruas, apelou hoje à solidariedade civil, pedindo aos governantes locais em concelhos não afectados pela seca que ajudem as povoações dos concelhos afectados. "Quando há um fogo, os bombeiros também não se deslocam a outros concelhos para ajudar? Com a falta de água tem de ser a mesma cois", defendeu o autarca de Viseu.
O desespero das populações começa também a ser visível na detecção de captações de água ilegais. A GNR de Albufeira revelou, também esta quinta-feira, que entre Janeiro e Março deste ano foram detectados oito furos ilegais naquele concelho... quase todos em complexos turísticos. No mesmo período do ano passado apenas tinham sido assinalados dois furos ilegais.
Quanto ao preço da água, esse já está irremdiavelmente 'condenado' a aumentar a breve prazo. Como o CM On-line noticiou em primeira mão, ainda em Janeiro, as albufeiras estão com os níveis de água muito baixos, nomeadamente a do Roxo (Beja), que está na pior situação da última década. Este facto obriga à afinação dos equipamentos de tratamento de água, que apresenta pior qualidade devido ao baixo nível de reserva. E isso, claro, tem custos. E quem os paga é o consumidor.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt