Ministra assumiu ser "profundamente difícil" descentralizar serviços em Portugal e "irrealista" fazê-lo de um momento para o outro.
O Ministério da Coesão Territorial continuará a ter à frente Ana Abrunhosa, que na legislatura que agora termina disse ter o papel de "uma costureira" que cose várias áreas de intervenção governativa em prol das pessoas e do território.
Foi numa das suas primeiras idas ao parlamento como ministra, em janeiro de 2020, que Ana Abrunhosa disse aos deputados que o papel do Ministério da Coesão Territorial, que havia sido criado meses antes, era como o de "uma costureira", cosendo as várias intervenções governativas em prol do território e das pessoas, numa missão que "não é partidária".
"Acreditem na minha vontade de mudar [o território]. Também sabem que só vou fazer aquilo que posso e não aquilo que quero", ressalvou.
Ao longo da legislatura, a ministra assumiu ser "profundamente difícil" descentralizar serviços em Portugal e "irrealista" fazê-lo de um momento para o outro.
"Desconcentrar, descentralizar, é profundamente difícil", afirmou, em setembro de 2020, numa entrevista à Antena 1 e Jornal de Negócios, em que acrescentou: "Passar qualquer coisa de Lisboa para o resto do país tem uma grande resistência nos serviços dos ministérios. Não estou a dizer nos ministros, estou a dizer nos serviços dos ministérios. É perder poder. Nós temos de ter consciência disto".
Ana Abrunhosa terminou a legislatura a afirmar, em dezembro passado, já depois da dissolução do parlamento e quando estavam anunciadas as eleições de 30 de janeiro, que tinha estado num dos governos "mais centralistas" que o país já teve, em declarações que, no dia seguinte, acabou por considerar "infelizes e injustas" para o executivo liderado por António Costa.
"Eu faço parte dos governos mais centralistas que o nosso país já teve, o nosso primeiro-ministro reconhece isso, e esse centralismo acentuou-se com a pandemia, inevitavelmente", afirmou a ministra em 14 de dezembro, em Lamego, no distrito de Viseu.
Segundo afirmou naquele dia, travou "esta batalha de dois anos no Governo sem exército" e sempre que precisava de "forças" ia ao terreno.
No dia seguinte, considerou as suas declarações injustas para um Governo que "promoveu o maior pacote de descentralização de competências para os municípios, para as áreas metropolitanas e para as comunidades intermunicipais (CIM), nomeadamente municipalizou os transportes e deu às CIM e às áreas metropolitanas as funções de autoridade de transporte".
"Aliás, eu estou no Governo porque se definiu uma verdadeira estratégia de valorização do interior e, portanto, de descentralização", afirmou.
Na legislatura que agora começa, Ana Abrunhosa ganhou duas tutelas novas no seu ministério, as autarquias e o ordenamento do território, que estavam na Modernização Administrativa e no Ambiente, respetivamente, passando a ter sob sua alçada duas Secretarias de Estado, a do Desenvolvimento Regional e a da Administração Local e Ordenamento do Território.
Antes de chegar a ministra, Ana Maria Pereira Abrunhosa Trigueiros de Aragão, nascida em Angola, em 1970, tinha sido presidente da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), entre maio de 2014 e outubro de 2019.
Neste cargo, foi uma das responsáveis que deu a cara pelos problemas com a reconstrução das casas destruídas pelos grandes incêndios de outubro de 2017.
Licenciada em Economia, mestre em Economia e doutorada em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, foi docente nesta faculdade entre 1995 e a ida para o Governo, em 2019.
Lecionou diversas disciplinas e colaborou regularmente com outras faculdades da Universidade de Coimbra. Foi também investigadora do Centro de Estudos Sociais, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Ana Abrunhosa iniciou a sua atividade profissional na empresa Ernst & Young, na área de auditoria, onde trabalhou desde julho de 1994 a outubro de 1995.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.