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Último MNE do Estado Novo vota Bolsonaro, mas recusa comparações com Salazar

Após o 25 de Abril, Rui Patrício exilou-se no Brasil, onde se dedicou a uma carreira empresarial.

23 de outubro de 2018 às 17:05

O último ministro dos Negócios Estrangeiros do Estado Novo, Rui Patrício, vive no Brasil há mais de 40 anos e disse à Lusa que irá votar em Bolsonaro na segunda volta das presidenciais, embora rejeite comparações entre o candidato e Salazar.

Depois do 25 de Abril, Rui Patrício escolheu a cidade do Rio de Janeiro como local de exílio mas as memórias que tem de António de Oliveira Salazar são bem nítidas, ao ponto de não conseguir traçar semelhanças entre o antigo chefe de Estado português e o atual candidato da extrema-direita à Presidência da República brasileira Jair Bolsonaro.

A comparação foi feita por Fernando Haddad, candidato do Partidos dos Trabalhadores (PT), opositor de Bolsonaro na segunda volta das eleições de domingo, mas, em entrevista à agência Lusa, Rui Patrício recusa qualquer paralelo.

"É uma comparação sem qualquer fundamento. Não é uma boa comparação, quer pelo estilo das duas pessoas, quer pelo contexto histórico, quer por todas as outras razões, sobretudo pelo estilo e formação pessoal que é totalmente diferente. É uma comparação sem qualquer sentido", afirmou Rui Patrício.

Apesar de, na primeira volta, ter Geraldo Alckmin (centro-direita) como candidato de eleição, o último ministro dos Negócios Estrangeiros da ditadura diz que Bolsonaro é o candidato que agora defende.

"Eu não estive aqui (no Brasil) por isso não votei na primeira volta, onde votaria Alckmin. Mas, na segunda volta, entre estes dois (Bolsonaro e Haddad), votarei no Bolsonaro", assumiu.

No entanto, seja qual for o candidato que vença a corrida presidencial, Rui Patrício espera que o Brasil retome a "ordem e o progresso", palavras inscritas na bandeira brasileira.

"O que eu desejo é que o Brasil encontre um rumo adequado com qualquer que seja o candidato que vença. Espero que consiga reencontrar o equilíbrio das finanças públicas, que retome o desenvolvimento económico e que consiga resolver os problemas fundamentais do Brasil. É só esse o meu desejo", afirmou à agência Lusa.

Rui Patrício foi subsecretário de Estado do Fomento Ultramarino de Oliveira Salazar, que o nomeou para o cargo em 1965 e, em 1970, chegou ao cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros pelas mãos do então chefe do Governo Marcelo Caetano.

Após o 25 de Abril, Rui Patrício exilou-se no Brasil, onde se dedicou a uma carreira empresarial.

Gerações de uma família portuguesa dividida entre Haddad e Bolsonaro

A menos de uma semana de os brasileiros elegerem o seu próximo Presidente da República, numa disputa entre a esquerda com Fernando Haddad e a extrema-direita com Jair Bolsonaro, Inês Patrício discorda do posicionamento político do seu pai e último ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Patrício.

A professora universitária, que aos 18 anos se mudou para o Brasil com a sua família, tem tido um papel ativo na campanha por Fernando Haddad, pois vê nele a possibilidade de o país enveredar pelo caminho da educação, como forma de diminuir as desigualdades sociais no Brasil.

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