Palacete vale 7,5 milhões de euros.
1 / 11
A guerra era lá longe, no distante Médio Oriente, mas os moradores do bairro da Lapa, em Lisboa sentiram na pele as suas consequências. De repente, a partir da primavera de 2003 as pacatas ruas de São Francisco de Borja e a rua Arriaga foram tomadas por agentes da polícia, armados com metralhadoras. Noite e dia, as ruas passaram a ser patrulhadas por dezenas de agentes. A explicação para o aparato era simples. Pouco mais de 10 metros separavam o palace da Embaixada do Iraque, na rua Arriaga, da residência do embaixador inglês, na esquina da Arriaga com a São Francisco de Borja. Quando as forças da coligação liderada pelos americanos invadiram o Iraque, o reforço policial foi imediato. E durou vários meses, até os agentes se retirarem, em paz.
Mais de 14 anos depois, muito mudou naquele bairro. Para começar, os ingleses retiraram-se. Depois de mais de 150 anos no edifício que foi embaixada e depois residência do embaixador britânico, os diplomatas britânicos mudaram-se para outro palacete, na mesma freguesia da Estrela. O casarão ao serviço de Sua Majestade, com um jardim que ocupava metade do quarteirão, foi vendido em 2007 e convertido em várias moradias de luxo. Uma delas, avaliada em 7,5 milhões de euros, é agora cobiçada por uma outra rainha: Madonna, a monarca da Pop.
Madonna mantém-se firme na decisão de comprar uma casa em Lisboa e, garante o Daily Mail, visitou uma das casas mais distintas de um dos bairros mais ricos de Lisboa – a Lapa, onde funcionam embaixadas e residências de embaixadores de vários países.
Pois a casa que a cantora americana namora é precisamente aquela que serviu como embaixada e depois a residência do embaixador britânico em Portugal. Um palacete que remonta à época pombalina, cujas paredes guardam muitas histórias e segredos.
No site ‘Room for Diplomacy’, que lista as propriedades da diplomacia britânica em todo o mundo, conta-se a história do edifício, construído ao estilo pombalino, depois do terramoto de 1755.
Propriedade do Conde Redondo, o imóvel foi vendido ao eminente filósofo e escritor Matias Aires Ramos da Silva d’Eça Lorde, em meados do século XVIII. Este construiu ali uma casa rudimentar a que chamava ‘a barraca’, mas a propriedade viria a ser vendida a outra família de condes, os Rio Maior, após a sua morte. São estes que constroem o palacete de estilo pombalino que o diplomata britânico Howard de Walden viria a arrendar para sua residência, em 1833.
A casa e os terrenos em volta foram depois comprados pela coroa britânica e ali foi instalada a embaixada do país em Portugal. Numa edição da Revista Municipal da Câmara de Lisboa, de 1940, lê-se um lisonjeiro texto sobre a propriedade. "Tanto a casa como o jardim foram cenário de muitas receções brilhantes sob a bandeira inglesa. Os mais velhos residentes em Lisboa recordam, particularmente o baile dado em honra do Sua Majestade, o falecido rei D. Manuel [o último rei de Portugal]"
A sede da legação durou até 1940, quando Lisboa se tornou o epicentro da espionagem durante a II Guerra Mundial. O espaço tornou-se exíguo para a quantidade de pessoal colocada em Lisboa e a embaixada mudou-se para o Palácio de Porto Covo, na rua de São Domingos à Lapa. A casa da Rua São Francisco de Borja retomou então as funções de residência do embaixador.
Ao longo dos anos, a propriedade recebeu diversas alterações. Salas e salões foram sendo sucessivamente remodelados até que, no final da década de 2000, o Foreing and Commonwealth Office chegou à conclusão que seria demasiado oneroso fazer as obras de manutenção que se exigiam. Foi então vendida, em 2007, e convertida num condomínio de luxo, com vários apartamentos.
Mesmo em frente à casa cobiçada pela estrela americana, a embaixada do Iraque ainda ali se mantém.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.