Imprensa faz chamada nas primeiras páginas para a morte do antigo Presidente da República.
As edições de hoje em papel dos principais jornais espanhóis dão grande destaque à morte de Mário Soares, todos com chamadas de primeira página para artigos de página inteira sobre o desaparecimento do "construtor do Portugal moderno e europeu".
O El País faz essa chamada na primeira página com um texto a explicar que "Portugal se vestiu ontem [sábado] de luto pela figura mais decisiva do seu último meio século", uma "personalidade chave na consolidação da democracia e na integração do seu país na Europa".
O artigo do correspondente do jornal em Lisboa continua numa página interior ao lado de um texto de opinião de Raúl Morodo, da Academia de Ciências Morais e Políticas e ex-embaixador de Espanha em Portugal, que considera Soares um "rebelde democrata e grande estadista".
Morodo explica a sua amizade com Soares, que conheceu nos anos 60 do século passado, e sublinha o seu "caráter forte, trabalhador duro, sempre otimista e pragmático no poder e na oposição, de grande simplicidade e nunca declinando polémicas".
Um outro diário, El Mundo, titula na primeira página "Adeus a Mário Soares, símbolo do socialismo português" e nas páginas interiores "Portugal despede-se de um patriarca da sua democracia", "figura chave da transição pós-Salazar que marcou décadas da política lusa".
"A vida de Mário Soares e a história da democracia portuguesa foram sempre de mão dadas", refere o artigo, que ocupa uma página sobre a vida e obra do estadista português.
O ABC noticia a morte do ex-Presidente com o título "A pátria do fado perde o seu político mais querido" e realça que o também ex-primeiro-ministro socialista "soube entender-se com conservadores e comunistas".
O diário conta em duas páginas a sua história, sublinhando que "a boa sintonia entre Mário Soares e Felipe Gonzalez fizeram com que Espanha e Portugal pudessem ir de mãos dadas na sua convergência com Bruxelas".
Nas páginas dedicadas aos artigos de opinião, o jornalista Ignacio Camacho escreve sobre "o socialismo eclético" e defende: "A social-democracia de Soares já não existe. Foi incapaz de atualizar com êxito o seu projeto de reformismo moderado".
Camacho explica que Soares foi "um desses líderes ecléticos" que "romperam com a hegemonia comunista" para conquistar o poder com programas moderados e que, sem ele, a nova democracia portuguesa teria "derivado de forma irreversível até ao dogmatismo revolucionário dos militares vermelhos e de político iluminados como [Álvaro] Cunhal e [Otelo] Saraiva de Carvalho".
O La Razon titula em primeira página "Morre o pai do Portugal moderno" e numa página interior desenvolve um artigo sobre a vida de Soares, com uma grande foto do ex-Presidente português.
Segue-se, noutra página, um artigo de opinião do antigo embaixador de Espanha em Portugal Inocencio Arias, que considera Soares "um colosso da política".
Inocencio Arias estava em Lisboa aquando do 25 de Abril de 1974 e relata o episódio que levou ao assalto da embaixada espanhola em Lisboa por populares e o receio dos portugueses de uma invasão espanhola.
O ex-embaixador, agora na reforma, afirma a sua surpresa pela falta de conhecimentos que os espanhóis têm dos portugueses e dos seus dirigentes, com exceção de Mário Soares.
"Poucos espanhóis podiam e podem mencionar o nome de um pintor, um músico ou um político português. Muito poucos apontariam hoje o nome do Presidente da República ou do primeiro-ministro", lamenta Arias, acrescentando que "a exceção a esse desconhecimento foi Mário Soares".
O jornal La Vanguardia, de Barcelona, informa na primeira página que "faleceu Mário Soares, artífice da democracia portuguesa" e no interior refere que "Portugal chora a perda" do "histórico líder socialista".
O diário dá conta de que Soares "teve uma relação com Felipe Gonzalez [ex-líder do Governo espanhol] cheia de cumplicidades, apesar dos desencontros iniciais", e lembra que o ex-Presidente português "desde os seus tempos de universitário e jovem advogado lutou contra a ditadura de Oliveira Salazar"
Mário Soares morreu no sábado, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de dezembro.
O Governo português decretou três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira.
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