A longa espera na fronteira de Ressano Garcia, a principal entre Moçambique e a África do Sul, é justificada pelas restrições, face à Covid-19.
O mineiro moçambicano Benvindo Ernesto, 58 anos, atravessa a fronteira de Ressano Garcia há 30 anos para a África do Sul, mas, neste período, nunca enfrentou uma fila de quase sete quilómetros, sem comida nem água.
A longa fila na fronteira de Ressano Garcia, a principal entre Moçambique e a África do Sul, é justificada pelas restrições, face à covid-19, adotadas pelas autoridades sul-africanas, que também não estão a aceitar os testes rápidos realizados em Moçambique, levando ao desespero as pessoas que estão nas filas e são obrigadas a dormir nos veículos.
"Tenho 30 anos a fazer esta travessia e é primeira vez que eu passo por uma situação destas", conta à Lusa Benvindo Ernesto, acrescentando que está na fila desde terça-feira e está sem dinheiro para alimentação e água.
São quase sete quilómetros de fila de veículos cheios de pessoas, entre crianças, adultos e idosos, que nada podem fazer, senão esperar, num sentimento misto de abandono e de revolta.
"O Governo [moçambicano] tem de encontrar um plano. Moçambique deve falar com a África do Sul. Esta situação está complicada", diz Zefanias Manjate, moçambicano de 68 anos que trabalha há 28 anos na África do Sul como motorista.
Nos arredores da estrada, quem está cansado de esperar no carro recorre às sombras das árvores para fugir ao calor escaldante que se faz sentir em Maputo, mas o descanso pode ser interrompido a qualquer momento quando o arranque de um motor dá a aparente impressão de que a fila está a andar.
"Estou aqui desde ontem e tenho certeza que vou ter de dormir aqui. Está muito complicado porque a comida também está cara. Um prato custa 200 meticais [2 euros] e um pão são 30 meticais [2 cêntimos]. Eu estou aqui com a minha família e é complicado nesta situação comprar a comida", declarou Faquir Lopes, 30 anos, outro moçambicano que vive na África do Sul com a sua esposa e dois filhos.
A África do Sul impôs um recolher obrigatório face à covid-19 que implica o encerramento da fronteira às 21:00, sendo reaberta às 06:00, o que as autoridades moçambicanas consideram também um obstáculo na fronteira mais movimentada de Moçambique.
Em declarações à Lusa, o porta-voz do Serviço Provincial de Migração de Maputo, Juca Bata, disse que as longas filas resultam do facto de as autoridades sul-africanas estarem a infringir cláusulas estabelecidas entre as duas partes para fazer face ao período das festas.
Segundo a fonte, antes do Natal, quando a movimentação era no sentido contrário (da África do Sul para Moçambique), as autoridades sul-africanas pediram para que Moçambique alargasse o período de funcionamento da fronteira e aceitasse os testes rápidos, tendo os Serviços de Migração concordado, pedindo apenas que as mesmas condições funcionassem no período de retorno das pessoas para África do Sul.
"Nós, naquele período, aceitámos e atendemos os nossos irmãos. Vários turistas sul-africanos entraram em Moçambique. Mas agora, no período de retorno, a África do Sul não está a implementar este acordo", declarou o porta-voz do Serviço Provincial de Migração de Maputo, acrescentando que Moçambique decidiu também passar a não aceitar os testes rápidos feitos no território sul-africano.
Devido a sua estabilidade económica, a nível regional, a África do Sul, a terra do rand (moeda sul-africana), é um dos países que mais recebe imigrantes vindos de várias regiões africanas, mas principalmente dos Estados vizinhos.
A África do Sul, a maior economia da região, acolhe mais de dois milhões de moçambicanos que trabalham nas minas, campos agrícolas e comércio informal.
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