Ingleses viram tragédia na televisão e não hesitaram em marcar viagem para Portugal.
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A vontade de ajudar as pessoas afetadas pelos incêndios de junho no centro do país levou o casal britânico Stella e Ian a fazer férias em Pedrógão Grande, decisão que esperam que "sirva de exemplo".
Sentados na praia fluvial do Mosteiro, empunhando dois copos de sangria, Stella Rich e Ian McAlister explicam as razões que os levaram a trocar Yorkshire pelas escaldantes serranias de Pedrógão Grande, onde são visíveis as marcas terríveis do incêndio que destruiu mais de oitenta por cento da mancha florestal do concelho e que provocou a morte a 64 pessoas.
"Vimos o que se estava a passar pela televisão e nem hesitámos. Temos um amigo que mora por estas bandas e que nos acolheu. A melhor maneira de ajudarmos estas pessoas a recuperar a sua vida é fazer férias aqui, ajudar o comércio local, fazer despesa", explica Stella.
David Holdsworth abana a cabeça em concordância. Foi ele quem pôs a casa à disposição para acolher o casal. Uma vivenda em Lameira, comprada há quase dois anos, que foi poupada pelo fogo. David viu de perto a fúria das chamas, foi obrigado a refugiar-se em Castanheira de Pera.
É com a voz embargada que agradece aos portugueses anónimos que ajudaram a salvar a sua filha, cujo automóvel parou com um furo na fatídica EN 236-1 no dia 17 de junho.
"Tiraram-na dali. Foram uns heróis. E ela está grávida, tinha morrido ali" explica, comovido. Os amigos confortam-no. Mas David recupera rápido e garante com solenidade: "Não é um fogo que me vai correr daqui. Gosto desta terra, gosto muito dos portugueses e vim para ficar".
Também Ercília Joaquim, moradora nas proximidades, conseguiu salvar a sua casa. Mas ficou com uma história para contar, feita de medo e coragem. Na aldeia de Troviscais, a casa da mãe, senhora de 82 anos, ficou cercada pelas chamas. Foram momentos críticos.
"Pensei que íamos morrer, eu e o meu filho João Paulo. Fomos rodeados por um minitornado, o calor era insuportável e mal conseguíamos respirar por causa do fumo", conta, gesticulando. Com ajuda de bombeiros de Óbidos conseguiu retirar a mãe da casa e refugiou-se na sede do concelho, tendo de esperar até às cinco da manhã para se reunir com o resto da família.
"Estamos todos bem, agora precisamos de reconstruir isto. Peço aos portugueses que nos venham visitar, que não nos abandonem", apela.
Dramática é a história de Anabela Louro, funcionária do restaurante Fugas, na praia do Mosteiro. Ficou na casa de pedra, cercada de chamas, até conseguir escapar no sentido contrário da evolução das chamas, já de madrugada. A meio da noite, em desespero, atirou-se ao rio, à procura de proteção contra o incêndio. "Pensei em ficar ali, mas a água começou a aquecer, pensei que ia ser cozida viva", relata.
Esta tarde, com 35 graus à sombra e o céu imaculadamente azul, é difícil acreditar que a tragédia passou por ali. Mas basta um simples olhar em volta, para perceber a gravidade do incêndio: morros queimados, carros e máquinas calcinadas, hectares de árvores devoradas pelas chamas, negras e inertes.
"Isto tem um ar dramático, poderoso", diz o irlandês Ian. Os seus amigos abanam a cabeça, em silêncio.
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