“Agressões verbais e psicológicas são as que mais magoam”, diz.
João Monserrate foi vítima de bullying no quinto e no sexto anos de escolaridade, e recorda dias muito difíceis, cuja memória ainda perdura, mesmo agora, que tem 23 anos. Foi atacado, mas diz que “as agressões verbais e psicológicas são as que mais magoam”.
“Um murro ou um pontapé doem, mas curam-se”, garante o ex-aluno da Escola João das Regras, na Lourinhã, onde tudo aconteceu. Portador de aparelho por ter problemas de audição, nasceu com lábio leporino e em criança tinha excesso de peso. Diz ao Correio da Manhã que já não se lembra do que “os outros miúdos diziam”, mas recorda que um dia o melhor amigo, com quem partilhava os segredos mais íntimos, contou aquilo que não tinha direito de revelar, transformando o João no alvo da troça alheia.
Um dia, a mãe, que era funcionária da escola, testemunhou uma das agressões e levou o agressor ao Conselho Diretivo. Sem efeito. “Os professores desculparam-no, alegando que vinha de um ambiente socioeconómico desfavorecido e que tinha um ambiente doméstico problemático. Para mim, isso não o desculpa. Os ‘bullies’ têm de ser castigados”, diz ele, que tem noção de que houve casos em que as vítimas de bullying se suicidaram. Para o jovem, a leitura funcionou como uma tábua de salvação: sempre que podia, refugiava-se na biblioteca, para ler. Entre as estantes, ganhou verdadeiros amigos – os livros. Lá fora, o pesadelo só terminou quando João mudou de turma. A escola que foi palco do terror está agora fechada e há um grupo que a quer reabrir, mas o João espera que tal não ocorra. “Que fique fechada, é o que desejo”, revela, ele que tem acompanhamento psicológico permanente e que sonha, um dia, criar uma associação de apoio a vítimas de bullying. “É mais fácil, para quem sofre, falar com alguém que passou pelo mesmo.”
Vítima teve de mudar de escola
O caso do aluno da Escola Delfim Santos, em Benfica, atacado por um grupo de agressores, teve um desfecho "indesejado, mas infelizmente necessário". Mesmo depois da denúncia do CM, a perseguição ao rapaz, de 12 anos, continuou e a escola recusou-se a agir, por considerar que se tratava de "um desentendimento entre alunos" e não um caso de bullying. As ameaças à integridade física do estudante levaram a família a fazer aquilo que mais queria evitar: mudaram-no de escola. "Estamos esgotados", disse a tia.
"A ciência não aponta culpados"
CM- O bullying está a tornar-se mais comum?
- Nos últimos anos, diminuíram o número de casos reportados. Após o início da pandemia, não possuímos novos dados que nos permitam tirar conclusões.
– Quem tem a ‘culpa’?
– A ciência psicológica não ‘aponta’ culpados. Diz-nos que podem ser vários os fatores e contextos de risco (família, escola, grupo comunitário), e ainda que assume uma dimensão relacional que assenta não só no agressor e na vítima, mas também nos aliados e nas testemunhas.
– Que podem os pais fazer?
– Vítimas ou agressores, a supervisão e a monitorização da saúde psicológica são estratégias essenciais de ajuda por parte dos pais. No caso das vítimas, os sinais de alerta poderão ser, entre outros, hematomas sem explicação, roupa rasgada, perda de interesse pela escola ou até o desejo de mudar de escola, isolamento, alterações do sono ou do apetite. No caso dos agressores, podemos atentar a um desrespeito continuado e desafio às regras e às normas, revolta, impaciência, dificuldade em lidar com as contrariedades, irritabilidade fácil.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.