Morreu o rei da sátira
José Vilhena publicou revistas de humor. Morreu aos 88 anos.
Autor incontornável de décadas de humor em Portugal, José Vilhena deixa para trás uma obra notável que resistiu à ditadura e à censura. No final, o homem que enfrentou Salazar foi derrotado pelo Alzheimer. Morreu este sábado, aos 88 anos, em Lisboa.
A notícia foi revelada pelo sobrinho, Luís Vilhena, responsável pelo site O Incorrigível e Manhoso Vilhena, onde pode ser apreciada a vasta obra do autor e fundador de revistas como ‘O Mundo Ri’, ‘O Moralista’ e ‘Gaiola Aberta’, que lhe valeram várias detenções pela PIDE.
Vilhena trabalhou o humor recorrendo a escrita literária, à ilustração, ao cartoon e à fotomontagem. Nos anos 80 foi alvo de um processo interposto por Carolina do Mónaco, na sequência de uma fotomontagem em que a princesa aparecia "a aquecer um copo de brandy de uma maneira original", descreveu o próprio.
"A sua definição de censura: ‘É a técnica de separar o trigo do joio a fim de publicar o joio’", recorda Rui Zink. Já José Diogo Quintela, dos Gato Fedorento, afirma: "Morreu o último humorista português que se podia legitimamente queixar de ter sido censurado e perseguido. Devo a José Vilhena ter-me ensinado sobre coragem e anatomia feminina. Ainda não percebo muito de nenhuma delas, mas a culpa não é dele".
O velório realiza-se este domingo a partir das 18h00, na Basílica da Estrela, em Lisboa. O funeral sai esta segunda-feira, às 11h00, em direção ao cemitério do Alto de S. João.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt