Morreu o rei da sátira

José Vilhena publicou revistas de humor. Morreu aos 88 anos.

04 de outubro de 2015 às 10:52
03-10-2015_22_46_23 42 josé vilhena.jpg Foto: Jorge Godinho
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Autor incontornável de décadas de humor em Portugal, José Vilhena deixa para trás uma obra notável que resistiu à ditadura e à censura. No final, o homem que enfrentou Salazar foi derrotado pelo Alzheimer. Morreu este sábado, aos 88 anos, em Lisboa.

A notícia foi revelada pelo sobrinho, Luís Vilhena, responsável pelo site O Incorrigível e Manhoso Vilhena, onde pode ser apreciada a vasta obra do autor e fundador de revistas como ‘O Mundo Ri’, ‘O Moralista’ e ‘Gaiola Aberta’, que lhe valeram várias detenções pela PIDE.

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Vilhena trabalhou o humor recorrendo a escrita literária, à ilustração, ao cartoon e à fotomontagem. Nos anos 80 foi alvo de um processo interposto por Carolina do Mónaco, na sequência de uma fotomontagem em que a princesa aparecia "a aquecer um copo de brandy de uma maneira original", descreveu o próprio.

"A sua definição de censura: ‘É a técnica de separar o trigo do joio a fim de publicar o joio’", recorda Rui Zink. Já José Diogo Quintela, dos Gato Fedorento, afirma: "Morreu o último humorista português que se podia legitimamente queixar de ter sido censurado e perseguido. Devo a José Vilhena ter-me ensinado sobre coragem e anatomia feminina. Ainda não percebo muito de nenhuma delas, mas a culpa não é dele".

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O velório realiza-se este domingo a partir das 18h00, na Basílica da Estrela, em Lisboa. O funeral sai esta segunda-feira, às 11h00, em direção ao cemitério do Alto de S. João.

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