Neuza: "Às vezes temos que ver as coisas tristes da vida de uma forma diferente"

Cantora apresentou o seu novo trabalho "Badia di Fogo", na sexta-feira, no Espaço Bleza, em Lisboa.

05 de março de 2019 às 16:56
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A cantora cabo-verdiana Neuza apresentou o seu novo trabalho "Badia di Fogo" em Portugal, na sexta-feira, no Espaço Bleza, em Lisboa. E revelou ao CM as raízes do seu novo disco.

Este é o segundo álbum da carreira de Neuza, que vive agora nos Estados Unidos, levou cerca de quatro meses a ser produzido. "Queria que continuasse na linha do Flor di Bila, música tradicional cabo-verdiana, principalmente da Ilha do Fogo."

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Conta com a participação dos músicos, Quim Alves, Totinho, Kaku Alves, Rob Leonardo, Khaly. Volta a ter uma participação especial de Michel Montrond. Depois do sucesso Trabessado no álbum Flor di Bila, faz novo dueto com Neuza agora no tema Subi Cutelo, um desafio músical, um confronto entre mulher e homem a ver quem se sai melhor.

"Badia di Fogo", que é também um dos temas do álbum, retrata um pouco da sua infância. A sua mãe deixou-a, quando estava às portas da morte, a uma família na Cidade da Praia. Onde os meninos tinham um crioulo diferente. "Porque são Badios, e eu Sampadjuda, da Ilha do Fogo. Riam do meu crioulo, chamavam-me nomes e eu não gostava. Principalmente Badia di Fogo, porque nasci na Cidade da Praia."

Neuza ultrapassou todas as dificuldades, fez esta música e assim pôde rir apesar da gravidade do tema. Barriga batata, coração de barata, badia di Fogo, termos que agora são cantados de uma forma bastante sentida e alegre pelas crianças crioulas.

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Para a cantora está na hora de mudar esta rivalidade entre Badios e Sampadjudos. "A Minha mãe é do Fogo, assim como toda a minha família, e eu fui nascer na Cidade da Praia. As pessoas migram em busca de melhores condições de vida", contou.

"Às vezes temos que ver as coisas tristes da vida de uma forma diferente." Quando começou a escrever decidiu fazê-lo sobre todas as coisas que lhe fizeram mal na vida, torná-las alegres para que as possa ver de forma diferente e não lhe voltem a fazer mal.

Izilda é uma morna que fez para a sua mãe que perdeu a vida aos 35 anos de idade. "É como se fosse ela a cantar, 'Senhor Doutor ca nho enganam' " Neuza canta as palavras da sua mãe nos últimos momentos de vida. "Senhor Doutor não me engane, Sinto que a minha hora chegou, o meu corpo está acabado, o destino de partir é magoado, diga-me apenas quanto tempo falta, para chamar as minhas tres filhas, para lhes dizer que a minha dor está no fim, que deixo tudo na mão de Deus."

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Esta música reflete ainda a preocupação de Izilda com a sua "codezinha", a sua filha mais pequenina. A sua "Rabelada". Neuza canta que tinha cinco anos quando a 13 de Maio de 1992 "Nossa Senhora pegou na mão da sua mãe para não mais sofrer". Uma canção sentimental e de sofrimento que serve de homenagem à pessoa que lhe deu a vida.

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