Só o amor não chega para um final feliz
Trindade abre esta temporada com a peça ‘Telhados de Vidro’, de David Hare.
Já está em cena o espetáculo com que o Teatro da Trindade abre a temporada 2024/25. ‘Telhados de Vidro’, do britânico David Hare, conta a história de amor entre duas pessoas distantes em tudo: na idade (separa-os quase 20 anos); na ideologia política (ela, acérrima defensora dos pobres e oprimidos; ele, um capitalista convicto) e nos projetos para o futuro. Para ele, o sonho é somar negócios, conduzir um jaguar e ter uma casa com vista para o mar; para ela, qualquer sítio serve desde que tenha um trabalho em que sinta que “faz a diferença”. Por muito que se amem, como ultrapassar estas diferenças?
Desafiado a dirigir a peça, Marco Medeiros revela que Diogo Infante estava “escolhido à partida” para ser Tomás, e que selecionar Benedita Pereira para fazer de Clara foi “simples”. “Eu e o Diogo fomos vê-la em palco e concluímos que era a atriz certa”, recorda. Tomás Taborda completa o elenco: dá corpo ao filho de Tomás, que chega para antecipar o drama e para lhe pôr um ponto final.
Marco Medeiros admite que se deixou fascinar pela “qualidade dos diálogos, mais do que pela estrutura do texto”, e que lhe agradou “a forma subtil como a peça encaminha o espectador para temáticas pertinentes” e expõe “ideologias pelas quais não conseguimos tomar partido definitivo: ambas parecem acertadas mas uma destrói a outra”. O maior desafio da encenação foi, porém, “num texto realista”, encontrar espaço para a linguagem a que nos habituou, enquanto criador. “Gosto da inquietação, gosto de espicaçar o público, de o perturbar, e creio ter encontrado a forma certa de acrescentar a dúvida a esta proposta”, conclui. Para ver até 17 de novembro.
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