"A música não é a nossa vida"
Os Rammstein voltam a ‘incendiar’ amanhã, às 20h00, o Pavilhão Atlântico de Lisboa. Ao CM, o guitarrista Paul Landers diz-se orgulhoso de não ter papas na língua.
Correio da Manhã – Esta é a terceira vez que atuam no Pavilhão Atlântico, que é o maior palco do País. Como explica esta admiração dos fãs portugueses?
Paul Landers – Não conseguimos explicar, realmente, porque é que somos tão populares num País que, à partida, não percebe as nossas letras. Mas talvez seja melhor que não entendam porque assim podem inventar algo, dar espaço à fantasia.
– Têm muito orgulho em cantar em alemão. Se o fizessem, por exemplo, só em inglês, a mensagem da vossa música perdia-se?
– Quando cantamos em alemão sentimos que a nossa música fica completa. Se o fizéssemos em inglês, como já experimentámos diversas vezes, sentiríamos que algo estava a faltar… Mas achamos que, no fundo, os alemães também não entendem as nossas letras [risos].
– O último álbum, ‘Made in Germany’, assenta no registo ‘best of’. É a partir dele que se vai fazer o alinhamento do concerto?
– Será sim, feito essencialmente a partir dos temas desse disco.
– Sempre descreveram o vosso estilo como ‘tanz metal’. Olhando para trás, como é que evoluiu?
– A banda sempre teve um problema com o sucesso. É que temos de nos envolver, manter a marca e, ao mesmo tempo, mudar alguma coisa. Por isso, há algumas pessoas que nos dizem que soamos sempre igual e outras que acham que somos sempre diferentes. É difícil gerir isso. Saber que se tem de fazer a decisão certa, mudando e mantendo o estilo ao mesmo tempo.
– Os vossos concertos são conhecidos pela pirotecnia. São viciados no fogo?
– Sim, quem não é? Até os bombeiros o são…
– Estão numa digressão europeia. Como gerem o tempo livre?
– Muitos dos elementos do grupo passam-no de forma diferente. A música não é a nossa vida. A vida é a vida! Alguns gostam de caçar, outros de fazer windsurf, outros de viajar, outros de cuidar dos filhos e outros de se embebedar.
– Estar na estrada é uma boa forma de criar canções?
– Para outras bandas isso pode funcionar, mas não para nós. Seria preciso estarmos aborrecidos para começarmos a compor. Em digressão não se fica entediado.
– Sempre foram atentos à política. O que pensa da atual crise europeia e do papel da Alemanha?
– Questão complexa, sem resposta fácil. Esta crise tem dois lados: o da moeda bancária e o das pessoas. Sou a favor da Europa para as pessoas e acho que o euro é resultado de uma conspiração tramada! Cada país quer uma coisa. Funcionaria melhor se cada um tivesse a sua moeda.
– Como lidam com a censura que alguns países ainda vos fazem?
– Nós, na verdade, andamos atrás dela. Afinal, onde estão hoje os limites do bom gosto?
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