Pedro Abrunhosa: "A música é uma arma do amor"
Cantor vai reeditar o seu primeiro álbum, ‘Viagens’, lançado há vinte anos. Disco, considerado o melhor dos anos 90, mostrou nova linguagem musical.
Correio da Manhã – Passados 20 anos, o seu álbum inaugural ‘Viagens’ vai agora ser reeditado. Porque o decidiu fazer?
Pedro Abrunhosa – É um disco que faz sentido. Foi muito bem acolhido. Foram milhares de discos vendidos. Hoje há uma geração nova que procura estas canções, como ‘Socorro’; ‘É preciso ter calma’; ‘Não posso mais’. Agora vão ter a hipótese de as ouvir. É um disco que cumpriu um papel histórico.
– ‘Viagens’ foi considerado o melhor álbum dos anos 90...
– Este disco foi adotado pelas pessoas. Está em linha com a realidade e tem um som muito específico. Foi um disco que rompeu com a música. Introduziu novos dados. Se por um lado há uma certa estranheza, é ela mesma que faz a diferença. É uma mais-valia.
– Na altura abordou temas tabu em Portugal...
– A arte não pode ter tabus. Por mais que existam na sociedade, o sexo, a droga, a sida, não são tabus. A arte tem de saber lidar com a realidade. Há 20 anos não era óbvio que estivesse num palco a cantar uma canção que fosse tão dura. As minhas letras falam da realidade de todos nós: dos problemas, medos e desejos.
– Tal como em outros álbuns editados, também ‘Viagens’ fala da realidade política do nosso país...
– Não se pode ser músico sem estar atento à realidade. O que se passa é que as músicas não se podem distrair do real que é o amor, o desejo, a separação, a saudade. Mas também a realidade factual. É a pobreza, a injustiça. A música é muito libertadora e é uma arma do amor. Logo, tem de tocar em todos os temas.
– ‘Viagens’ foi difícil de financiar...
– Eu sou a música que faço. São todos difíceis de financiar. Mas naquela altura em particular, porque era um disco de rutura, foi complicado impô-lo e as editoras recusaram-no todas. Tive de vender a mobília que tinha em casa, que era uma herança de família, para financiar o disco. Os resultados estão à vista.
–Em 2015 vai apresentar um novo espetáculo...
– Chama-se ‘Inteiro’. Será em torno das canções que formam o inteiro dos meus sete discos. O meu espetáculo é uma celebração entre mim e o público.
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