Aplausos e lenços brancos no adeus a Nicolau

Milhares de pessoas saíram ontem de casa para acompanhar o caixão de Nicolau Breyner no seu desfile pelas ruas de Lisboa. Com lágrimas, muitas flores e lenços brancos a acenar por cima das cabeças, o caixão ia coberto pela bandeira nacional e pelas condecorações que o ator recebeu ao longo da vida, retribuição pelo seu grande contributo para as artes nacionais.

Na despedida, cantou-se o hino em sua honra. Da Basílica da Estrela, e depois de uma missa privada, só para família e amigos, o cortejo passou por vários locais da capital – com destaque para a última residência do ator, na rua de Buenos Aires – antes de chegar ao Cemitério do Alto de São João, onde o corpo de Nicolau foi cremado ao final da tarde, conforme vontade expressa em vida pelo próprio artista (as cinzas serão entregues hoje à família).

Sempre saudado por uma multidão emocionada, Nicolau Breyner mostrou ter conseguido realizar os seus sonhos, até na morte. Em conversa com a sua biógrafa, Sarah Adamopoulos, disse: "Gostava de morrer rapidamente, de preferência num dia de frio, que é para não ter pena de morrer. Que olhasse pela janela e dissesse: ‘Mas que dia de m..., meu Deus!"

Lágrimas na despedida ao pai e ao homem das artes 

Só família e amigos mais próximos se puderam despedir, em privado, de Nicolau Breyner, no cemitério do Alto de São João, em Lisboa, mas isso não impediu que os populares estivessem presentes. Centenas de pessoas homenagearam o ator e apoiaram as filhas, Mariana e Constança. Antes da cremação, houve uma pequena oração. A ex-mulher Mafalda Bessa foi a primeira a entrar no crematório. Atrás do caixão, as filhas do ator tentavam segurar as lágrimas, ao mesmo tempo que se ouviam as palmas. ‘O Nico é nosso’ foi um dos muitos gritos que se ouviram no cemitério. E depois aplausos...

Antes, na Basílica da Estrela, um dos momentos mais comoventes aconteceu na missa, quando se leram passagens da Bíblia. Só à segunda tentativa Mafalda Bessa conseguiu falar. Já o enteado de Nicolau, o ator Tiago Teotónio Pereira, disse: "Pelo ‘Nico’, que sempre nos tratou como filhos e nós o sentimos como pai".