Ascensão do terror face à indiferença
‘Terror e Miséria no Terceiro Reich’ estreia quarta-feira no Teatro do Bairro, em Lisboa.
"Encenar uma peça de teatro é sempre uma tarefa complexa", avança ao CM o encenador António Pires.
"Mas a maior dificuldade que tive foi desmistificar a ideia que as pessoas têm sobre o nazismo." Em causa está ‘Terror e Miséria no Terceiro Reich’, uma das mais importantes obras teatrais de Bertolt Brecht, que estreia quarta-feira no Teatro do Bairro, em Lisboa, a partir do texto traduzido por Fiama Hasse Pais Brandão, estando em cena até 14 de abril.
Escrita entre 1935 e 1938, quando o dramaturgo estava exilado na Dinamarca, a peça é uma reflexão sobre a sociedade germânica durante a ascensão do regime nazi ao poder e a propagação do terror na Alemanha.
Adriano Luz, diretor artístico da novela da CMTV ‘Alguém Perdeu’, e Inês Castel-Branco lideram um elenco formado por oito jovens atores, neste espetáculo impregnado de ironia e comédia sobre um dos capítulos mais trágicos do século XX.
"O que Brecht propõe nesta peça é um desfile de cenas sobre aqueles que ajudaram Hitler a chegar ao poder e, mais tarde, a fazer a guerra", continua António Pires. "E o mais impressionante é que essas pessoas são muito parecidas com qualquer um de nós."
A peça mantém, por isso, toda a atualidade, face à ascensão da extrema-direita que se está a assistir. "Terror e Miséria no Terceiro Reich", acrescenta o encenador, "é uma peça para refletir e discutir muito mais sobre o presente e o futuro do que sobre o passado".
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