Cinco meretrizes dignas de aplausos
Encenador Hélder Gamboa dirigiu ‘A Mais Velha Profissão’ no palco do Armando Cortez.
Em palco, há cinco prostitutas bem entradas na maturidade que discutem os planos para a reforma, os clientes – a maioria a cair da tripeça –, as dores nas articulações. É assim ‘A Mais Velha Profissão’, texto que a norte-americana Paula Vogel publicou em 2005 e que Hélder Gamboa leva agora à cena, no Teatro Armando Cortez, em Carnide, com um elenco que tem que se lhe diga. Júlia Pinheiro (de volta aos palcos depois de ‘Os Monólogos da Vagina’), Paula Guedes, Paula Mora, Helena Isabel e Valerie Braddell fazem as honras da casa, com uma entrega que Hélder Gamboa faz questão de elogiar. Às cinco mulheres junta-se Heitor Lourenço, numa personagem misteriosa que o encenador acrescentou ao texto. “Estou muito contente com o resultado do trabalho”, contou ao CM.
“Quis que as personagens fossem amigas e cúmplices e não queria que o público tivesse pena delas. As atrizes corresponderam e até superaram as minhas expectativas”, afirma.
A vertente sexual da linguagem – em que Paula Vogel é perita – está lá, intocada, e o humor do espetáculo passa muito pela dimensão atrevida das falas das “meninas”. Mas Hélder Gamboa diz que a componente humana do texto se sobrepõe a essa faceta ligeira e divertida.
“Este espetáculo é uma homenagem às atrizes – que a partir de certa idade têm falta de bons papéis –, mas é acima de tudo uma chamada de atenção para o desinteresse a que os mais velhos são votados na nossa sociedade”, constata o encenador. “A idade não apaga os sonhos das pessoas nem as torna menos interessantes, muito pelo contrário, e é sobretudo isso que quero que o espectador leve daqui”, conclui Hélder Gamboa.
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