Corpos de escravos lançados para lixeira em Lagos

Ossadas de 158 pessoas encontradas durante a construção de parque de estacionamento.

03 de abril de 2019 às 01:30
Ossadas são um raro vestígio arqueológico dos escravos em Portugal Foto: Direitos Reservados
Ossadas são um raro vestígio arqueológico dos escravos em Portugal Foto: Direitos Reservados
No local foi construído um parque de estacionamento Foto: Direitos Reservados

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Os 158 escravos cujas ossadas foram encontradas, na zona da Gafaria, em Lagos, durante a construção de um parque de estacionamento, em 2009, terão sido lançados para uma lixeira que existia no local, entre os séculos XV e XVII.

A conclusão é de um estudo do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde da Universidade de Coimbra, que tem analisado as ossadas, desde que foram recolhidas.

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‘Descartados na Lixeira: enterramento de escravos no Valle da Gafaria, Lagos, durante os séculos XV-XVII’, de Maria Teresa Ferreira, Catarina Coelho e Sofia N. Wasterlain, conclui que muitos dos corpos terão sido simplesmente "atirados para a lixeira".

Em alguns casos, com as mãos e pés amarrados. Mesmo quando eram enterrados (no meio do lixo), os cadáveres não apresentam indícios de terem sido alvo de cerimónias fúnebres, refere o estudo, publicado no International Journal of Osteoarchaeology.

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Foi, no entanto, detetada uma diferença no tratamento dos 49 corpos de crianças e jovens (entre os meses de vida e os 21 anos), com muitos "a serem enterrados com cuidado e em posição fetal", ao contrário do que sucedeu com os adultos.

No século XV, com o início dos Descobrimentos, Lagos tornou-se um importante porto, com particular destaque para o comércio de escravos que chegavam nos barcos vindos de África.

As ossadas são um dos raros vestígios arqueológicos encontrados em Portugal relativos à vida desses escravos.

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