“Dalí falsificava os seus quadros”

"Sinceramente, se tivesse a oportunidade de voltar a falsificar obras de Salvador Dalí começava já amanhã". Quem o diz ao CM é Stan Lauryssens, escritor belga de 63 anos, autor de ‘Dalí e Eu – Uma História Surreal’ (Presença), que, nos anos 70, enriqueceu a vender cópias falsas de obras do pintor catalão.

08 de agosto de 2010 às 00:30
“Dalí falsificava os seus quadros” Foto: direitos reservados
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Foi preso, mas agora partilha segredos da sua ‘arte’ num livro, que será adaptado ao cinema, com Cillian Murphy a representar o papel de Stan e Al Pacino o de Dalí.

"Hoje, olho para os meus clientes e sinto pena pelo que lhes fiz. Olhava para mim como um ‘Robin dos Bosques’, só que, em vez de roubar aos ricos para dar aos pobres, ficava com o dinheiro para mim", conta.

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Stan Lauryssens explica em 211 páginas como criou a ‘bola de neve’ de falsificações: começou como jornalista de celebridades e, quando deu por si, vendia obras de arte contrafeitas e seguia as excentricidades do pintor.

"Na verdade, cada Dalí é uma falsificação. Ele falsificava os seus próprios quadros. A única coisa que sempre lhe interessou foram carradas de dinheiro", acusa no livro. Os clientes eram muitos e não se importavam de comprar algo falso. "Só queriam ver e tocar num trabalho seu", conta Lauryssens.

Mas há mais: o surrealista participava em orgias, vivia como um marajá, gostava de se masturbar ao lado de jovens rapazes e usava um colete à prova de bala por temer ser morto.

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Stan chegou a conhecê-lo e não esconde a desilusão: estava velho, em cadeira de rodas, com o célebre bigode grisalho, e sem dizer coisa com coisa. "Fiquei desapontado. Não era o Salvador Dalí que tinha estado a vender aos meus clientes", recorda ao CM.

Quanto à possibilidade de um esquema como o seu voltar a acontecer nos dias de hoje, Stan Lauryssens não tem dúvidas de que isso seria exequível: "Apesar de tudo, poder ser visto na internet, ainda há esse risco. Basta ver o caso de Bernard Madoff".

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