KARL MARX O AMIGO DO CAPITAL
Documentos recentemente expostos nos Arquivos Nacionais de Londres trouxeram a público uma insuspeita faceta de Karl Marx: o ‘pai’ do Comunismo era, afinal, sócio capitalista de um jornal britânico.
Tendo em conta o papel de Marx no surgimento e implantação dos regimes comunistas no século XX, no mínimo, é curioso encontrar a assinatura de Marx num certificado de propriedade de acções do jornal ‘The Industrial’, um dos principais jornais da classe operária britânica, que deixou de circular em 1883.
No documento, datado de 1865, consta ainda que o revolucionário pensador terá investido quatro libras como um dos sócios fundadores da publicação. Enquanto Marx assinou o certificado identificando-se como ‘filósofo’, os restantes accionistas tinham profissões tão diferentes como alfaiates, pintores ou sapateiros.
O achado não surpreendeu, contudo, Sue Laurence, administradora dos Arquivos. “Não é uma surpresa encontrar Marx nesta actividade. Durante os anos em que esteve exilado em Londres vivia como um burguês, financiado pelo amigo Friedrich Engels. De todos os investidores do jornal, só Marx não tinha uma profissão que lhe providenciasse sustento.”
A exposição revela outros detalhes sobre os anos que Marx viveu exilado em Londres, nomeadamente um relatório da polícia que o terá impedido de obter a cidadania britânica, por considerá-lo ‘um notório agitador’, defensor dos princípios comunistas e logo, ‘desleal ao rei’.
O REVOLUCIONÁRIO BURGUÊS
Karl Heinrich Marx nasceu no seio de uma família da classe média em Trier, na Alemanha, em 1818. Estudou direito em Bona e Berlim, onde conheceu a sua futura mulher, a aristocrata Jenny von Westphalen. Passou por Colónia, Paris e Bruxelas – onde editou com Engels o ‘Manifesto Comunista’ (1848) – até ser forçado ao exílio, em Londres, pelo governo da Prússia. Na capital britânica, passava os dias a devorar obras de Economia e Filosofia na sala de leitura do Museu Britânico, tendo sido lá que escreveu a sua obra mais influente, ‘O Capital’. Publicou o primeiro volume desta obra ainda em vida, mas os restantes foram editados por Engels, já após a sua morte (1883).
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