Novo disco de Carminho nasceu de “dia especial” em Chicago
Fadista gravou com o icónico produtor norte-americano Steve Albini, sete meses antes da sua morte.
Andava Carminho em digressão pelos EUA quando, num dia de folga em Chicago, a fadista conseguiu marcar uma sessão de estúdio com Steve Albini, lendário produtor que já trabalhou com nomes como Pixies, Nirvana, Mogwai, PJ Harvey ou The Stooges. "Não tinha grandes expectativas porque nunca se sabe o que pode sair de uma sessão de estúdio", confessa a cantora que levou algumas canções que andava a trabalhar na estrada.
"Eram canções que experimentávamos nos camarins e nos ensaios, mas que nunca tínhamos apresentado", explica. "No fim daquele dia gravámos quatro temas que não puderam estender-se a mais, porque infelizmente o Steve partiu antes de podermos fazer mais coisas. A minha ideia era voltar mais dias", conta Carminho, referindo-se à morte de Steve Albini, a 7 de maio, aos 61 anos.
O resultado dessa sessão de estúdio realizada a 10 de outubro de 2023 está agora disponível no EP ‘Carminho At Electrical Audio’. O disco conta com quatro fados, dois compostos pela artista com base em fados tradicionais (‘Deixei a minha Casa’ e ‘Não Olhes para os Meus Olhos’), um fado com versos de António Gedeão, (‘Gota de Água’) e um tema de Caetano Veloso, ‘Os Argonautas’, que acabou gravado em dueto entre Carminho e o cantor brasileiro.
"Nós já tínhamos cantado esse tema em concertos de Caetano e ele dizia-me sempre que qualquer dia eu tinha que arriscar e gravar isto. E ele aí está agora."
Do dia passado com Steve Albini, Carminho garante que nunca mais esquecerá. "Foi um dia intenso e especial. Ele defendia muito a ideia de captar a realidade de uma banda ao vivo, num processo analógico e quase de retrato e isso era uma coisa que eu procurava", diz. "Ele nunca tinha captado fado antes nem a guitarra portuguesa, mas não houve preconceito nenhum" e acabou por "trazer a energia viva".
"Fechando os olhos poderíamos perfeitamente estar numa casa de fados", sugere. Ficou ainda "a empatia que teve com to- dos os músicos e uma memória particular: o fluffy coffe, um café típico que ele tomava até seis por dia e cuja receita acabou por me deixar".
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