'Nuremberga': o nazi e o psiquiatra
James Vanderbilt leva-nos aos bastidores do julgamento mais importante da História, num filme protagonizado por Russell Crowe e Ramy Malek.
Nos meses que se seguiram ao fim da Segunda Guerra Mundial, o psiquiatra norte-americano Douglas Kelley (Rami Malek) é incumbido de avaliar a sanidade dos principais criminosos de guerra julgados pelo Tribunal Militar Internacional, nos chamados Julgamentos de Nuremberga. Entre os acusados está o temido oficial nazi Hermann Göring (Russell Crowe). Determinado a evitar a sentença de morte, este usa o seu carisma e inteligência para tentar manipular Kelley, que por sua vez esforça-se para manter o distanciamento do prisioneiro de forma a fazer uma avaliação o mais rigorosa possível.
A relação entre Göring e Kelly, retratada no livro 'O Nazi e o Psiquiatra', de Jack El-Hai, serve de inspiração para 'Nuremberga', o filme de James Vanderbilt que estreou esta semanas nas salas e que já é considerado um favorito aos Óscares, com Russell a correr sério risco de receber o seu segundo galardão, depois de 'Gladiador' (2001).
Em tribunal, os depoimentos seguem de perto as transcrições reais, com Göring a apresentar uma defesa vigorosa capaz de desestabilizar o procurador-chefe americano Robert H. Jackson (Michael Shannon), enquanto são exibidas imagens chocantes dos campos de concentração, captadas pelas forças aliadas.
No meio de tudo isto, destaca-se ainda a história do jovem sargento Howard Triest (Leo Woodall), que acompanha Kelly como tradutor. Nascido no seio de uma família judia alemã e com vários familiares mortos em Auschwitz, não hesita em dizer ao psiquiatra: "Sabe por que é que isso aconteceu aqui? Porque as pessoas permitiram que acontecesse". Uma conclusão difícil para quem ambicionava identificar entre os nazis uma psicose ou um transtorno específico, porque só isso poderia explicar a monstruosidade do Holocausto, mas que no final teve de admitir que os homens são fundamentalmente oportunistas que apenas aproveitaram o momento para exercer poder e explorar os outros.
Após extensas entrevistas e testes psicológicos detalhados para avaliar a sua responsabilidade nos crimes de guerra, Göring foi considerado mentalmente apto para julgamento. Condenado à morte pelo seu papel no Holocausto, suicidou-se com uma cápsula de cianeto na noite anterior à execução. Aos 45 anos, no dia de Ano Novo de 1958, após uma discussão acalorada com a mulher e à frente do filho e do pai, Kelley também usou cianeto para tirar a própria vida.
Veja aqui o trailer:
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