Olga Roriz volta ao palco aos 70 anos
'O Salvado' tem estreia marcada para o Porto no próximo dia 3 de julho.
Uma Olga Roriz “frágil, cómica, aberta e exposta. Uma Olga Roriz, de certa forma, desconhecida” é aquela que promete apresentar-se em palco, a partir de julho, no espetáculo ‘OSalvado’, que assinala o regresso da criadora aos solos, 12 anos depois de ‘A Sagração da Primavera’. Aos 70 anos – e a celebrar 50 de carreira e 30 de companhia – a bailarina e coreógrafa admite que criar lhe é “inevitável e compulsivo”, mas que se reserva para “momentos muito especiais”, em que faz sentido reaparecer.
“Eu e o meu corpo ainda temos muito para dizer”, garante, lembrando casos de outros criadores que continuaram a dançar além da idade considerada ‘normal’. Pina Bausch dançou até morrer, aos 68 anos; Martha Graham dançou até aos 76; Merce Cunningham só parou aos 90, quando a morte o levou. “É mais comum acontecer com coreógrafos, que concebem os espetáculos para os seus próprios corpos, conhecendo os seus limites”, explica a criadora, que apresenta ‘O Salvado’ como o retrato “daquilo que ficou, ao fim de sete décadas de vida e de trabalho”. “Somos, todos nós, uma construção. Há partes que permanecem, outras que deitamos fora. O que ficou é o material que usei para este trabalho”, anuncia Olga Roriz, que estreia ‘O Salvado’ no Teatro Carlos Alberto, Porto, no dia 3 de julho (ficará até 5). Segue depois para o São Luiz, em Lisboa (dia 9) e continua em digressão até ao final de novembro, tendo agendadas apresentações em Setúbal, Faro, Aveiro, Ponte de Lima, Famalicão, Lagos, Figueira da Foz e Sintra.
“Este trabalho reflete aquilo que me afeta neste momento e que, na verdade, afeta a todos nós. Aquilo que nos toca enquanto seres humanos. Mas gosto abrir significados: um jovem de 15 anos e uma pessoa de 80 podem vê-lo, mas lerão coisas completamente diferentes. E é isso que espero”, conclui.
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