Manoel de Oliveira genial aos 106 anos

Numa altura em que passa grande parte do tempo em casa, Manoel de Oliveira vai fazer uma exceção: terá hoje, dia dos seus 106 anos, um jantar em família, no Porto, com direito a bolo de aniversário que, sabe o CM, não terá tantas velas quanto os seus 106 anos de vida. Sem problemas de saúde de maior, o mais velho realizador do Mundo soma prémios e projetos. O mais recente chega hoje às salas: a curta ‘O Velho do Restelo’, trabalho que definiu como "uma reflexão sobre a Humanidade" e os tempos que correm.

Com um currículo de mais de 40 filmes, Oliveira é ele próprio um testemunho da História do último século: quando nasceu no Porto, em 1908, D. Manuel II era rei de Portugal. Quando se estreou no cinema, em ‘Douro – Fauna Fluvial’ (1931), os filmes eram mudos e a preto e branco. No ano em que se casou com Maria Isabel Carvalhais, há 74 anos, a Alemanha invadiu a Bélgica e a Holanda na Segunda Guerra Mundial. Já quando chegou o 25 de Abril de 1974, Manoel de Oliveira já se podia reformar: tinha 66 anos. Mas não o fez.

Distinguido há dois dias com a Legião de Honra de França, em Serralves, o cineasta disse que, hoje, os seus discursos estão como os novos filmes: "Mais pequenos." Porém, há vários projetos na manga, como um filme sobre as mulheres e as vindimas e a adaptação de ‘A Ronda da Noite’, de Agustina Bessa-Luís. Há ainda ‘A Igreja do Diabo’, conto de Machado de Assis que Oliveira quer rodar com os brasileiros Lima Duarte e Fernanda Montenegro. Parar é que não.