Para dançar até cair
Desengane-se quem pensava que a ‘rainha da pop’ tinha arrumado as sapatilhas no armário. Ou que seria incapaz de voltar a surpreender. O novo ‘Confessions On A Dance Floor’ pisca descaradamente os olhos às pistas de dança e mostra uma Madonna tão arrojada, ‘avant garde’ e em forma como há 20 anos.
O tema de abertura, o ‘single’ ‘Hung Up’ – Portugal teve a oportunidade de acolher a sua primeira apresentação ao vivo, numa magnífica produção por ocasião dos prémios MTV – é definitivamente a peça magna das novas confissões de Madonna. O ‘sampler’ dos Abba, apoiado no ritmo sincopado da canção (transversal a todo o álbum) confere-lhe personalidade e demonstra, desde logo, o conceito do que se segue.
E esse conceito é um som deliciosamente ‘retro’, muito graças aos sintetizadores à anos 80 e à atmosfera ‘disco’, mas com uma direcção incrivelmente futurista e fresca, assente na constante ‘samplagem’, nos ‘loops’ intrigantes, no ambiente denso e no ritmo maquinal.
O resultado é que a maior parte dos temas se sucede sem pausas significativas, para dançar ininterruptamente noite fora, e quase fugindo ao formato canção, como ‘Get Together’, ‘Let It Will Be’, ‘Future Lovers’, etc. As excepções são ‘Push’ e ‘I Love New Iorque’, também dançáveis mas, ainda assim, duas estruturadas e brilhantes canções.
A técnica da colagem é também constante. Além dos Abba, Madonna ‘pica’ S.O.S. Band, Tom Tom Club, Police e, até, as suas próprias canções, nomeadamente ‘Like A Prayer’ e ‘Holiday’.
Madonna também não podia passar em branco sob a controvérsia. E também não seria difícil prever que, desta feita, a ‘raiz do mal’ seria a devoção da cantora à cabala. Um grupo de rabinos não gostou que ‘Isaac’ – o tema do álbum em que o ritmo dançante é quebrado – focasse a figura de Yitzhak Luria, um estudioso da religião judaica do século XVI, nem que Madonna tivesse utilizado a língua hebraica numa vocalização secundária em jeito de oração.
Para conferir na discoteca mais perto de si.
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