Pecados de Gauguin deixam arte em risco
Artista francês, que morreu em 1903, é agora acusado de pedofilia e de racismo.
É uma discussão que está a dividir o mundo da arte e que pode pôr em risco o legado de um dos maiores pintores do pós-impressionismo: Paul Gauguin (1848-1903). Tudo começou quando a National Gallery de Londres inaugurou a exposição ‘Retratos de Gauguin’, patente até 26 de janeiro, com retratos de jovens nuas na Polinésia Francesa, entre elas Teha’amana, uma das suas amantes adolescentes. Na altura, ela teria 13 ou 14 anos e ele 40.
Na era do #MeToo, a mostra gerou queixas e o ‘New York Times’ questionou mesmo se estaria na altura de "expulsar" Gauguin, que passou os últimos 12 anos da sua vida em Hiva’Oa, nas ilhas Marquesas, a "fazer sexo com raparigas adolescentes" e que "chamou ‘selvagens’ aos polinésios", enquanto produzia algumas das suas obras mais conhecidas.
Por outro lado, também há quem considere chamar Gauguin de "pedófilo" e "racista", mais de um século após a sua morte, um abuso. É o caso de Mette Gauguin, a sua bisneta. "No contexto da época, 14 era a idade em que a maioria das mulheres se casava na Polinésia. Além disso, um homem europeu era visto como um prémio. Era mais excitante viver com um artista do que ser mulher de um pescador!", defende.
SAIBA MAIS
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milhões de euros foi quanto rendeu em leilão ‘Nafea Faa Ipoipo’ (1892), em 2014, a 4ª obra de arte mais cara de sempre. Pintura está no Qatar.
De Paris ao Pacífico
Paul Gauguin nasceu em Paris a 7 de junho de 1848. Abandonou mulher e cinco filhos para ir viver para a Polinésia Francesa, onde morreu em maio de 1903.
Amigo de Van Gogh
Gauguin partilhou casa em Paris com Van Gogh. Há quem diga que este terá cortado a orelha após discussão entre os dois.
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