Quatro anos a fazer a diferença
O Teatro Moderno de Lisboa (TML) existiu apenas durante quatro anos – mais precisamente entre 1961 e 1965 – mas foi um marco no panorama teatral português: foi a primeira companhia de teatro independente à séria e um projecto pensado e gerido apenas por actores, para actores.
Para lembrar aquela que foi uma experiência pioneira em Lisboa, o Museu Nacional do Teatro inaugurou ontem, na presença da ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, uma exposição que evoca os poucos – mas bons – anos do TML. Ao CM o director daquele espaço, José Carlos Alvarez, diz que tudo começou com uma ideia da actriz Carmen Dolores e do crítico Tito Lívio. “Eles estão a escrever um livro sobre a companhia e veio mesmo a calhar, porque eu também tenho um projecto para o Museu, que é dedicar um ciclo de exposições ao grupo de teatro independente.”
Pelo TML passaram alguns dos maiores actores de uma geração: para além de Carmen Dolores, nomes como Ruy de Carvalho, Rogério Paulo, Morais e Castro, Armando Caldas, Rui Mendes ou Nicolau Breyner estiveram na companhia, que, em apenas quatro anos, levou à cena textos de Dostoievsky, Luiz Francisco Rebello, William Shakespeare ou John Steinbeck e foi impedida, por uma censura particularmente assanhada, de representar autores como Bernardo Santareno ou Tennessee Williams.
“Pedimos material a toda a gente e todos colaboraram”, conta José Carlos Alvarez, acrescentando que a maior parte do que está agora patente em exposição era, no entanto, pertença do Museu. “Quando o Rogério Paulo faleceu deixou-nos o seu espólio, incluindo muito material sobre o TML, bem organizado”, adianta.
Durante a exposição, os visitantes terão ainda a possibilidade de assistir a um trabalho documental da responsabilidade de Frederico Corado. Trata-se de um filme onde vários actores falam de uma experiência pioneira, ocorrida no início da década de 60 e que deixou marcas profundas no teatro nacional.
Uma experiência que terminou quando, em 1965, a Fundação Calouste Gulbenkian suspendeu o subsídio com que o grupo sobrevivia.
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