Sistema continua podre em ‘Tropa de Elite 2’

O Capitão Nascimento (Wagner Moura) está mais velho mas mantém a ambição de sempre: lutar contra os bandidos e mudar o sistema.

07 de abril de 2011 às 13:00
tropa de elite, brasil, favela, rio de janeiro, wagner moura Foto: D.R.
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Ar mais cansado, cabelos grisalhos e 13 anos mais envelhecido, ele voltou ao BOPE porque não encontrou sucessor à altura. Pelo caminho desmoronou o seu casamento e o filho cresceu, sempre na convicção de que o pai matava pessoas.

Depois de uma operação mal sucedida em Bangú 1, uma prisão de alta segurança, Nascimento, agora coronel, é afastado e ‘emprateleirado' na Secretaria de Segurança Pública, um local onde ele pensa que poderá usar o poder político e o sistema a favor do combate ao crime.

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"Queria lixar o tráfico para f*** o sistema", pensa (alto) Nascimento, narrador e voz da consciência de ‘Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro', a sequela do Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim em 2008.

"Se os vagabundos quebrassem, os corruptos quebrariam também." Pura ingenuidade. Porque nas favelas, a corrupção da Polícia Militar (PM) e o tráfico continuam ao rubro.

Nascimento perceberá a duras penas e pagando um preço alto- em xeque ficará até a sua amizade de anos com André Matias - que o sistema continua podre e pouco ou nada pode fazer para o mudar.

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Daí o subtítulo, conveniente, ‘o Inimigo agora é Outro'. E é mesmo. De facto, a classe política é impotente (e ineficiente por conveniência) a travar os crime de que, afinal, beneficia. Campanhas políticas pagas com dinheiro sujo da extorsão a bandidos nas favelas, esquemas entre a polícia e traficantes à luz do dia com corpos de inocentes pelo meio...

Um ambiente que justifica as frases certeiras do narrador do filme - Nascimento, num Wagner Moura a justificar o papel da sua vida - como "antes os políticos usavam o sistema para ganhar dinheiro, agora usam-no para se eleger"...

Mas, até entre os políticos há gente honesta. Como ‘Fraga', rival de Nascimento pelo coração - ficou-lhe com a ex-mulher e é mais presente na educação do seu filho - mas, afinal, aliado contra a corrupção.

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Destinos que se cruzam neste segundo filme de José Padilha, ainda mais inquietante do que o primeiro e com a coragem usual para pôr o dedo na ferida.

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