Três formas de aprender

O Yoga é um dos muitos caminhos para o encontro connosco, com o Eu Supremo. Mas o ser humano é lento e uma das suas principais características é o gosto que tem em complicar o que pode ser simples. Neste caso, complica um caminho que poderia ser simples. É a nossa natureza em tudo, até nos erros que insistimos em cometer. Erro atrás de erro, vez após vez. Há, no entanto, três formas que nos permitem aprender as lições que a Vida nos tem para ensinar, escusando-nos de repetir os mesmos erros e permitindo-nos evoluir no nosso caminho

11 de setembro de 2006 às 00:00
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A primeira dessas formas é através do exemplo. Na História da Humanidade temos exemplos de tudo, do melhor e do pior no ser humano. Podemos escolher aprender através do exemplo, pondo em prática aquilo que é verdadeiro para nós e escolhendo não viver aquilo que não nos serve. Basta-nos observar os muitos exemplos à nossa volta e escolher com consciência aquilo que queremos ser. É, então, que nos tornamos nós próprios um exemplo vivo.

Não é necessário roubar ou maltratar alguém para sabermos que essa atitude não é a correcta. Escolhemos não o fazer, porque vemos, através do exemplo de quem o faz que é uma forma de viver que não traz mais autoconhecimento nem amor para a vida

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Da mesma forma, podemos aprender a perdoar usando o exemplo de Jesus ou a viver sem violência com o exemplo de Ghandi, a compaixão com Madre Teresa de Calcutá e tantos outros seres maravilhosos que nos vieram ensinar a amar e a evoluir. A escolha é sempre nossa e temos exemplos diversos e variados de absolutamente tudo.

Esta é a forma mais simples, rápida e serena de aprender e também a que implica menos sofrimento. É, no entanto, a menos escolhida por nós. Por incapacidade? Por receio de cair no ridículo? Talvez porque implique uma grande capacidade para amar, perdoar, e de desapego. Para dar, de facto e quando necessário, a outra face. Talvez por ignorância, porque não sabemos como fazer. Talvez por preguiça de fazer e assumir aquilo em que se acredita É um caminho acessível a todos. Basta fazer a opção. No fundo, quando se está no caminho do autoconhecimento, acaba por ser mesmo o mais fácil.

Outra forma é através do espelhar, sendo este um caminho mais escolhido. Especialmente por pessoas que já deram alguns passos no seu caminho e que já têm um pouco de consciência de Si Mesmo.

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Todos nós servimos de espelho uns aos outros. Todas as nossas relações, sejam elas amorosas, familiares, de trabalho, oferecem-nos a possibilidade de vermos reflectido no outro as nossas próprias qualidades e dons, e também os nossos conflitos e defeitos.

As relações entre as pessoas servem para ajudar a crescer, aprender, curar e amar. Tudo aquilo que eu admiro na outra pessoa é algo que se encontra dentro de mim, pedindo, para ser vivido e celebrado. Tudo o que eu critico ou não gosto na outra pessoa é uma indicação do que tenho ainda que trabalhar dentro de mim, curando, libertando, muitas vezes perdoando a mim mesmo. Sempre é mais fácil ver nos outros que em nós próprios, por isso servimos de espelhos uns aos outros, uma entreajuda para podermos ver a verdade que se esconde dentro de nós.

Quanto mais algo nos toca, quanto mais forte é o espelho, mais forte é também a necessidade de acordar para esse dom que temos ou essa cura que nos pede para ser libertada. Mais forte a necessidade de desbravar o caminho que chama por nós e desatar o nó que nos amarra e prende e não nos permite evoluir.

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Esta maneira de nos tornarmos conscientes de nós próprios é muito prática. É grátis! Os espelhos estão constantemente à nossa volta. Acordamos com eles ao nosso lado. Trabalhamos com eles. Passamos por eles o tempo todo. “Para quem tem olhos para ver, a verdade está sempre presente

Infelizmente, a forma mais escolhida é através da vivência, é o caminho do sofrimento. O ser humano gosta de sofrer. Mesmo que o negue a pés juntos. Acha que essa é a sua missão na vida, que sem esse sofrimento nada se consegue nem se é digno de nada. Mas quem assim pensa e age, só traz mais sofrimento devido à sua grande inconsciência.

Por aqui, escolhemos viver as situações nós próprios, para aprender. E então sofremos e fazemos sofrer. É mais fácil ficar a sofrer do que sair da dor. É preciso muita coragem para deixar de sofrer. Aprendemos muito através do sofrimento, mas poderíamos aprender o mesmo através do exemplo dos outros se assim o escolhêssemos de forma consciente.

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Um dia, um discípulo perguntou ao seu Mestre:

Qual é a diferença entre eu e tu?

O Mestre respondeu:

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Eu ajo e tu reages.

Angelina Ataíde, Monte Mariposa (www.montemariposa.pt)

– Yoga Ashram : Sat Sanga de abertura, dia 12 de Setembro, 21h00, Avenida General Eduardo Galhardo, 343- 343ª, Carcavelos, 21 458 15 10, www.yogaashram.web.pt

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