U2 EM LISBOA
"Gostei muito de estar em Portugal. Se pudesse, ficava mais uns dias" e "estou a dar tudo por tudo para regressar em breve com um espectáculo da nossa próxima digressão". Foram estas as revelações de Bono, vocalista dos U2, ao Correio da Manhã, já no Aeroporto da Portela, nos derradeiros minutos antes do regresso a casa e depois de terem distribuído autógrafos e abraços pelos fãs que se encontravam na zona de partidas.
Ainda que breve, a passagem dos U2 pelo nosso país foi como uma espécie de mini-tornado, que agitou as hostes, deu origem a uma série de episódios mais ou menos rocambolescos e, sobretudo, marcou a memória de quem teve a rara oportunidade de conviver com os quatro membros do grupo.
A banda irlandesa, o fotógrafo Anton Corbijn e uma equipa técnica de mais de dez pessoas estiveram na zona de Lisboa durante três dias para realizar fotografias para a capa do próximo álbum de originais (com edição prevista para Outubro), bem como filmagens para o DVD que acompanhará o disco.
Mas, apesar dos esforços da produtora, a Page International, foi praticamente impossível manter as actividades do grupo em território luso longe dos olhares de fãs, curiosos e também das objectivas do CM. A história destes dias, fica aqui registada pelos seus intervenientes.
Na Praia Grande, António Madeira, fotógrafo 'free lancer', estava a captar imagens para um trabalho de DVD, quando a inusitada presença de um grupo de pessoas dentro da piscina vazia do complexo turístico da praia, chamou a sua atenção. Resolveu tirar algumas fotos, porque "as pessoas pareciam umas formiguinhas na imensidão da piscina", conforme descreveu posteriormente ao nosso jornal, e foi para casa sem pensar mais no assunto. Mas quando um amigo comentou que os U2 "estavam em Portugal" e até tinham "estado a filmar na Praia Grande", António lembrou-se da 'lufa lufa' na piscina, ampliou-as ao máximo e... mal conseguiu acreditar que tinha nas mãos o maior 'furo' da sua vida.
'"NINGUÉM QUIS FRUTA"
Além da Praia Grande, os U2 filmaram na Praia das Maçãs, em estaleiros na margem Sul, no Parque Expo, na discoteca Lux e nas Azenhas do Mar, aldeia que, segundo uma fonte que teve o privilégio de contactar de perto com o quarteto irlandês, "deixou Bono encantado".
"Ele adorou a aldeia, por estar muito bem conservada e lamentou que na Irlanda as aldeias típicas estivessem a ser destruídas pelo urbanismo", acrescentou a mesma fonte, que descreveu os membros dos U2 como pessoas "normalíssimas" e "muito simpáticas". E houve um detalhe que não lhe escapou: "Bono é a personalidade forte da banda, os outros vão atrás dele. Além disso, está sempre ao telemóvel ou a enviar 'e-mails' às mais altas personalidades que se possa imaginar", revelou.
Mas nem só de trabalho se fizeram os dias dos U2 em Portugal. Na quinta-feira, os músicos almoçaram no restaurante Pôr-do-Sol, nas Azenhas do Mar, integrados numa comitiva de 21 pessoas. Os proprietários do local, Teresa e Francisco Bernardino, declararam ao CM que não sabiam "que eram os U2", mas garantiram que "foram extremamente educados e muito simpáticos".
O almoço foi marcado para as 15h45 e o repasto escolhido antecipadamente por um elemento da produção. "Comeram robalos, douradas, camarões-tigre, saladas, couves gratinadas, feijoada de búzios e alheira de caça. Havia alguns vegetarianos que não tocaram nem na carne nem no peixe e ninguém quis fruta ou doces". Quanto às bebidas, "só pediram água e houve alguém que bebeu um copo de vinho branco", contou.
A refeição foi devorada rapidamente porque, ainda segundo o casal, eles "tinham de continuar a filmar na Praia das Maçãs", mas "nenhum se foi embora sem uma palavra de consideração pela comida, que 'adoraram', e pela vista panorâmica sobre o local".
A PAIXÃO DE CORBJIN
O fotógrafo holandês foi de novo o eleito para trabalhar com os U2, com quem mantém uma relação de cumplicidade iniciada em 1983 e aprofundada em registos como 'The Joshua Tree', 'Rattle And Hum' e 'All That You Can't Leave Behind', entre outros. Embora não fotografe exclusivamente a preto e branco (também tem trabalhos em azul, castanho e a cores), Corbjin é um apaixonado pelo universo do 'showbusiness', que retrata com particular sensibilidade. Do vasto portfólio no domínio musical fazem parte mais de uma centena de capas de discos e interiores, capas de revistas e vídeos. O seu primeiro trabalho para disco data de 1979, no caso para um 'Greatest Hits' dos Steely Dan. Desde então, a objectiva de Corbjin já retratou Joe Jackson, Captain Beefheart, Depeche Mode, Nick Cave, Metallica, Bon Jovi, John Lee Hooker e muitos, muitos outros. Obcecado pela luz, Corbjin mantém também uma relação de cumplicidade com Portugal, onde já trouxe outra banda, curiosamente irlandesa, os Therapy?, que registou em Lisboa ('95) para 'Infernal Love'. Na sua página, Corbjin confessa que está a trabalhar num livro dos U2, num DVD, e num especial para uma revista alemã a publicar em Setembro.
SEIS HORAS DE ESPERA
"Poder abraçar o Bono foi estranho e muito bom", afirmou ao CM a jovem Tânia Almeida, uma das poucas fãs portuguesas que conseguiu estar com os U2. O momento tão especial foi o culminar de um dia de verdadeira aventura: "Estava a trabalhar quando uma amiga me disse que tinha ouvido na rádio que os U2 estavam em Portugal e que iam filmar na Praia das Maçãs. Deixei o trabalho e fui logo para lá. Fartei-me de procurar mas não os vi. Como se iam embora hoje, vim para o aeroporto. Esperei seis horas para os ver. Foi tudo muito rápido, mas valeu a pena", contou ainda emocionada.
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