UM 'REINO' PERFUMADO

“Os perfumes nunca fizeram parte dos meus projectos. Sou estilista antes de tudo”, disse McQueen aquando da apresentação à imprensa em Londres. “A minha primeira fragrância tinha de sair do coração, da alma”, confessou, acrescentando que esta é uma mistura de notas amadeiradas, especiadas e florais.

Com originalidade, “Kingdom” é acompanhado por um poema de Jorie Graham, poetisa galardoada com o Prémio Pulitzer. O primeiro verso, que apresenta o Perfume e a Água de Perfume, só aparece quando a embalagem é aberta. E cada novo produto da linha desvendará outro verso. “Pierce my heart again” (”Parte-me o coração outra vez”) abre o poema e estas palavras revelam a personalidade o estilista, para quem o importante é, acima de tudo, provocar a emoção.

“Devemos querer viver e amar sem compromisso, abrir os nossos corações, descobrir as nossas emoções mais íntimas, com o risco de poder ferir-nos”, disse McQueen.

O estilista criou uma fragrância que associa materiais raros e exóticos. A primeira impressão é fresca, cintilante, eminentemente feminina. Em seguida, torna-se mais comovente, mais perigosa ao longo do dia, revelando um rasto misterioso e enfeitiçante. “Não acredito nos produtos perecíveis. Quero que esta fragrância perdure, enraizada na tradição, e que, como todas as minhas criações, seja intemporal. Quero que ultrapasse a moda, que tenha uma vida própria”, sublinhou.

Os frascos constituem por si só autênticas jóias perfumadas. A forma oval do frasco do Perfume é o símbolo de uma vida em perpétuo recomeço, de um nascimento e de um renascimento. O rebento de uma flor metálica abre-se como um coração de vidro vermelho sangue. O da Água de Perfume é um coração aberto e a embalagem cria a ilusão de um envelope. Prenda pessoal ou carta de amor, sugere o segredo, a intimidade.

“Devemos querer abrir os nossos corações para dar e receber amor. A ideia é romântica mas também cruel”, observou McQueen.

Alexander McQueen nasceu em Londres em 17 de Março de 1969. Aos 16 anos, entrou como aprendiz nos alfaiates da Savile Row, Anderson & Sheppard, e Gieves & Hawkes e trabalhou para os figurinistas de teatro Angels & Bermans.

Trabalhou com os “designers” Koji Tatsuno e Romeo Gigli e tirou o mestrado de moda na Escola de Arte Central Saint Martins, em Londres. Eleito Designer Britânico do Ano em 1996, 1997 e 2001, é hoje um dos estilistas mais famosos e respeitados do Mundo.

Entre Outubro de 1996 e Março de 2001 foi costureiro-chefe na casa de alta costura Givenchy e em Dezembro de 2000, o Grupo Gucci adquiriu 51 por cento da sua empresa, permitindo a abertura de lojas em Tóquio, Nova Iorque, Londres e Milão.