Zé Pedro, o maduro

Este não é, na verdade, o primeiro ou o único projecto paralelo de Zé Pedro, que integra ainda o colectivo Zig Zag Warriors, com o radialista Miguel Quintão.

É, no entanto, um projecto “especial” para o guitarrista, como explicou no decurso da apresentação, a que preferiu chemar de “ensaio geral”. Segundo Zé Pedro, Os Maduros (que até já têm lgiitipo e t-shirt) são um projecto que tenta “reavivar aquela filosofia do punk que parece ter-se perdido; o tocar apenas pelo gozo, sem compromissos ou grandes exigências”. Em palco, pouco depois da apresentação personalizada d’Os Maduros (2 ?eu sou o Zé maduro), acrescentou que era um prazer “fazer as coisas que dão prazer à vida”.

VOCALISTA E LETRISTA

Além de guitarrista, papel que desempenha há anos nos Xutos, Zé Pedro faz em Os Maduros a sua estreia como vocalista e autor das letras.

“É, de facto, a primeira vez que canto a coisa toda de princípio a fim. Nos Xutos canto apenas o ‘Submissão’ e o ‘Gente de M***’, mas aqui canto todas todas as canções. Ontem (quinta) nem dormi bem a pensar que podia trocar as letras”, lançou bem-disposto.

Com o rock fortemente apoiado nas guitarras, as letras d’Os Maduros dirigem--se ao público quase sempre por “tu”, tal como em ‘Futuro’ (?). É que os títulos ainda “não estão totalmente definidos”, justificou. Do alinhamento debitado na ZDB destacam-se ainda ‘O Bem e o Mal’ (?) e ‘Oxalá’. Canções ‘orelhudas’ nas quais Zé Pedro parece estar mais à vontade na missão de conciliar guitarra e voz.

Ainda que “sem compromissos”, a intenção d’Os Maduros poderá mesmo vir a resultar em disco. Zé Pedro prefere não alimentar grandes esperanças, insistindo no gozo que o projecto está a proporcionar a todos os seus elementos.

As origens d’Os Maduros remontam há cerca de um ano, quando o grupo se reuniu para gravar uma versão de ‘The Call Up’ dos Clash (um dos grupos favoritos de Zé Pedro) para um disco da Fnac. “A coisa correu muito bem, continuámos a encontramo-nos e... pronto. Aqui estamos”, resumiu.

A estreia ‘oficial’ d’Os Maduros está marcada para 17 de Agosto no palco principal do Festival de Paredes de Coura.

A sua vida confunde-se com a do ‘roca português’ que ajudou a propalar. Com 49 anos, Zé Pedro tem a música nas veias. Com outro Zé (Leonel) fundou os Xutos & Pontapés, em 1978, ainda influenciado pelo poder do rock n’ roll testemunhado num festival punk no estrangeiro. E levou à letra a máxima ‘do it yourself’, a bandeira do movimento que deu ao mundo bandas como os Ramones, Sex Pistols e (a sua preferida) The Clash.

Desde então Zé Pedro não parou mais e entre a actividade nos Xutos sempre deu ‘uma mão’ a outros projectos, casos de Palmas’ Gang, Os Cavacos, em discos de Paulo Gonzo e, recentemente, The Temple. Teve o seu próprio clube; o Johnny Guitar, em Santos, que animou de rock as noites de Lisboa na década de 90 e em breve promete meter ombros a nova missão: a de fundar uma escola de rock.

GUERREIRO DOS PRATOS

Na companhia de Miguel Quintão (Antena 3), Zé Pedro integra ainda os Zig Zag Warriors, uma dupla especializada em boa e excitante música. Em palco, os ‘guerreiros dos pratos’ protagonizam autênticos duelos de bom rock n’ roll e daí a presença assídua em quase todos os grandes festivais de Portugal.

ALEXANDRE SOARES (GUITARRA)

Esteve no arranque dos GNR, há 25 anos, e, entre outros projectos, passou pelos Três Tristes Tigres, que tão boas canções deram à música portuguesa. Segundo Zé Pedro, tocar com ele “é uma honra”.

JORGE COELHO (GUITARRA)

Fez escola nos portentosos Zee actualmente integra também os Mesa. Em Os Maduros é um dos vértices do triângulo de guitarras em que assenta a sonoridade do grupo e está sempre disposto a uma ‘jam’.

P. GONÇALVES (VIOLA-BAIXO)

Faz jus à diversidade de ‘escolas’ presentes em Os Maduros, mas é ao grande Pedro que se deve ‘a marcação de território’ d’Os Maduros. Integra ainda os Dead Combo.

FRED (BATERIA)

É filho de Kalu, baterista dos Xutos & Pontapés. e a batida sai-lhe natural e certeira. Além d’Os Maduros, onde é o mais...verde, Fred integra ainda os Yellow W Van e os Oh Hi Oh Ai, uma banda que promete também dar que falar.