O filme "Ordem Moral", realizado por Mário Barroso, retrata a vida de Maria Adelaide Coelho da Cunha, uma mulher de garra que foi dada como louca quando abandonou tudo para se entregar a uma paixão que desafiou os costumes da época.
O filme "Ordem Moral", realizado por Mário Barroso, retrata a vida de Maria Adelaide Coelho da Cunha, uma mulher de garra que foi dada como louca quando abandonou tudo para se entregar a uma paixão que desafiou os costumes da época.
A longa-metragem "Ordem Moral - A história de uma mulher livre", realizada por Mário Barroso e produzida por Paulo Branco, estreia-se esta quinta-feira nas salas de cinema nacionais. O filme conta a história de Maria Adelaide Coelho da Cunha, uma mulher independente e destemida que deixa para trás a fortuna, uma vida burguesa e um casamento infeliz para perseguir uma paixão.
Na Lisboa púdica de 1918, Maria Adelaide, a herdeira e proprietária do "Diário de Notícias", foge com o motorista, 26 anos mais novo, e, despojada de tudo, refugia-se no recato provinciano de Santa Comba Dão. O caso, de uma ousadia inédita, chocou a sociedade da época, que acompanhou ávida uma novela com vários capítulos escritos em público.
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Quando Maria Adelaide desaparece, o marido, Alfredo da Cunha, diretor do "Diário de Notícias", ocupa a primeira página do jornal com anúncios à sua procura. As buscas são frutíferas e, três semanas mais tarde, Maria Adelaide, de 48 anos, vê a polícia irromper-lhe casa adentro. É levada para o hospício de Conde de Ferreira, no Porto, o único local que permitiria ao marido manter a reputação intacta.
À luz dos critérios clínicos da altura, Maria Adelaide é dada como louca, demente e degenerada hereditária pelas maiores sumidades da psiquiatria – Júlio de Matos, Sobral Cid e pelo prémio Nobel Egas Moniz – e fica privada de gerir os seus próprios bens.
Há fugas, detenções, violência e hipocrisia, num folhetim que tem um dos seus pontos altos em maio de 1920, quando Maria Adelaide publica o livro "Doida, Não", em que conta o caso do seu ponto de vista. O marido responde, em julho, com a publicação do livro "Infelizmente, Louca", seguindo-se uma série de cartas publicadas nos jornais "A Capital" e "Diário de Notícias" a dar voz aos dois lados da história.
Maria Adelaide lutará a vida toda para provar que o diagnóstico que lhe foi feito está errado e para recuperar o que é seu por direito.
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Um filme para Maria de Medeiros
O realizador Mário Barroso, que assinou filmes como "Um Milagre Segundo Salomé" (2004) e "Um amor de Perdição" (2008), conheceu a história de Maria Adelaide ainda criança, contada por um tio que foi subdiretor do "Diário de Notícias" nos anos 50. Este episódio, insólito para a época, ficou-lhe na memória e lembrou-se dele quando pensou voltar a filmar, dez anos volvidos sobre o lançamento da última obra.
"O que me fascinava era aquela mulher cheia de garra, que lutou e ganhou, que teve a coragem de abandonar uma família, o conforto material, e de partir. De facto, ela era uma mulher livre, uma mulher que se bateu pelo seu desejo de viver a sua liberdade. Que decidiu escolher a sua vida, coisa que na altura era extremamente difícil, como aliás se provou", explica o realizador, no site oficial de "Ordem Moral".
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Em entrevista ao CM, o produtor Paulo Branco sublinha esta ideia: "O que nos interessou foi exactamente criar uma personagem única, que representasse a liberdade do século XX, as patentes da sociedade e o amor que vai até ao fim."
Maria de Medeiros foi o nome óbvio para dar vida a Maria Adelaide, desde o início. "Era a única atriz portuguesa que se adaptava à minha visão da Maria Adelaide", aponta Mário Barroso, destacando o talento e beleza singular da atriz. E foi na expressão de Maria de Medeiros que o realizador e diretor de fotografia foi traçando o argumento, escrito a quatro mãos com Carlos Saboga, autor de "Mistérios de Lisboa" (2010) e "As Linhas de Wellington" (2012).
O que me fascinava era aquela mulher cheia de garra, que lutou e ganhou
"Esperámos um ano e meio até que a Maria de Medeiros estivesse disponível", revela Paulo Branco. A atriz não conhecia a história de Maria Adelaide, mas rendeu-se à "mulher revolucionária, perseguida e torturada" que "não teme deixar tudo para trás". "Foi um grande desafio profissional, porque a mulher que desempenho é mesmo de extremos", resume a atriz portuguesa com a mais vasta carreira internacional.
"Fiquei radiante quando a Maria de Medeiros aceitou ser a protagonista. Ela parece que foi feita para fazer este filme. E os outros colegas do elenco também foram fantásticos", elogia Mário Barroso, em entrevista ao CM.
Do elenco de "Ordem Moral", um filme cofinanciado pela CMTV, fazem ainda parte Marcello Urgeghe, no papel de Alfredo da Cunha, João Pedro Mamede, que interpreta o motorista Manuel Claro, Albano Jerónimo, Dinarte Branco, Ana Bustorff, Júlia Palha e Isabel Ruth.
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