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"A chegada da senhora provedora dos animais"

Pessoalmente não tenho em grande apreço números circenses com animais, mas isso deixo a cargo do Hugo Cardinali.

03 de dezembro de 2014 às 16:07

Curiosamente, na mesma hora em que um antigo camarada de armas, na guerra que envolveu parte substancial da minha geração, invocava amizade para me pedir um exemplar do livro que o Ministério da Cultura (através da Inspeção Geral das Atividades Culturais) dedicara às artes tauromáquicas, cujo texto é da minha autoria, fui surpreendido com a notícia de que tomara posse a nova "provedora dos animais de Lisboa", doutora dona Inês Sousa Real. Pareceu-me tão estranho que um amigo que nasceu e mora em Braga, com formação seminarista e (na minha opinião) muito longe dos lugares onde impera o toiro bravo se interessasse pelo tema, como estranha me pareceu a ideia da Câmara de Lisboa entender que o bem estar dos animais da capital exige a nomeação de uma provedora.

Não me fiquei pela estranheza e, por isso, teve o bracarense que me explicar que: "não senhor, havia muita gente do norte, entre a qual se incluía, que olhava de boa maneira para a chamada "festa brava" e que o pedido tinha todo o cabimento porque o livro se destinava à Biblioteca Municipal". Quanto à senhora provedora, que é jurista, adiantou que "tem como objetivo a proteção, não só do cão e do gato, mas de todos os animais usados no circo, em touradas e outras atividades".

Haverá quem lamente ter-se esquecido de falar dos pombos do Rossio, dos pardais da Avenida, dos ratos das "catacumbas" da Rua da Prata e até dos "vicentes" das carvoarias, que já não existem mas continuam presentes no brasão municipal. E ficarão outros exemplos por citar.

Na hora a que escrevo este apontamento, desconheço se a senhora provedora é de nascimento e cultura urbanos, ou se, pelo contrário, provém de um meio rural e, logicamente, já terá visto parir uma ovelha, galar uma galinha ou ferrar um bezerro. E também se tem ideia do "crime" que será manter um rafeiro alentejano numa varanda de Entrecampos ou um Castro Laboreiro num quintal do Areeiro.

Pessoalmente não tenho em grande apreço números circenses com animais, mas isso deixo a cargo do Hugo Cardinali. Pela parte que me toca, o que lhe aconselho é que procure informar-se antes de agir em matérias tão especificas, como a criança e o destino do toiro de lide. Uma espécie bovina que provém do "bos taurus ibericus" que nada tem que ver com o meio urbano. E lembro-lhe, como mero exemplo, que as vacas bravas, (bravias por antonomásia) começam agora a parir, ao frio e à chuva, escondendo as crias no mato para lhes dar o colostro, fora das vistas dos eventuais predadores. Por favor, e a bem da missão a que se propõe, procure informar-se.

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