Alain Corbel, ilustrador. Com créditos firmados na ilustração, arrisca o texto. Ontem houve apresentação e amanhã há autógrafos no Atrium Saldanha.
Correio da Manhã – A paixão pela ilustração resulta de paixão maior, pelas viagens em geral e África em particular, verdade?
Alain Corbel – Nunca tive paixão pela ilustração. É, somente, a minha actividade profissional, o meu ganha-pão. Além disso, não tenho jeito para o desenho, sou só uma pessoa teimosa que se esforça. Prefiro a Banda Desenhada (BD) mas com uma vertente poética para contar coisas mais pessoais, definir estéticas, explorar horizontes, exprimir exigências... Paixão maior é a Bretanha. Ela está bem agarrada dentro de mim, tanto que já não preciso de lá viver nem de lá voltar. Temos pouco tempo e o mundo é imenso. Nunca pensei viajar por África mas realizar a volta do Mediterrâneo.
– E porquê arriscar agora o texto depois de ter uma obra feita na ilustração e arriscar mais ao chamar-lhe o seu melhor livro...
– África e os africanos deram-me muito. Emoções com que já nem sonhava. Descobri uma realidade muito diferente da ‘nossa’ mas também muito próxima da minha porque em África ainda há muitas pessoas no campo e eu sou, visceralmente, uma pessoa do campo. ‘A Viagem de Djuku’ é o livro de que mais gosto porque tudo nele faz sentido para mim. Ele é a soma de preocupações (sobre a identidade), de imagens (todas essas mulheres africanas cujos mãos aparecem furtivamente nos restaurantes de Lisboa), de esboços que se juntaram para criar uma história... É o fruto das ‘Ilhas de Fogo’ (uma parceria com Pedro Rosa Mendes), da minha vida em Lisboa, do talento do Eric...
– A ilustração do seu texto, surpreendentemente, não é sua mas de Eric Lambé...
– É uma história que pensava ilustrar mas não tive tempo. Foi por isso que chamei o Eric, um irmão de desenho e a única pessoa que podia acompanhar-me nesse projecto. Porque gosto da sua sensibilidade, da sua exigência como desenhador e porque passei muito tempo com ele, há alguns anos em Bruxelas, sonhando com histórias, livros, imagens. Fomos os dois editores de duas revistas de BD( FRÉON e AMOK) e, quando penso nele como ilustrador, estou totalmente despreocupado.
– Como é o processo criativo entre o escritor e o ilustrador. Quem faz o quê, como e quando?
– Em Portugal, os ilustradores são contratados quando já existe um texto e é por isso que há editoras que os maltratam, que consideram o texto e o escritor primordiais. É evidente que o autor do livro são os dois: escritor e ilustrador... Editoras e escritores que não funcionam assim são pessoas que prejudicam o livro ilustrado e não necessariamente infantil.
– Próximos trabalhos?
– Depois deste, vamos, o Eric e eu, realizar mais dois livros sobre o quotidiano africano, na Guiné e em São-Tome, esperando publicá-los na Caminho que até agora apostou em nós. Tenho projectos sozinho e com outro ilustrador e, em breve, deve sair o segundo tomo de ‘A Minha Terra’, com texto de João Paulo Cotrim, sobre a área protegida de Cascais.
Alain Corbel nasceu em 1965 na Bretanha, é casado e tem uma filha. Quando se lhe pede o percurso, fala de “muitas curvas”. Vaqueiro, porqueiro, ilustrador... Quando chegou a Portugal, no início dos anos 90, procurava um certo modo de vida. Encontrou um povo que sonhava (ainda sonha) com padrões nórdicos e americanos: “O sonho de ter um bom carro dificilmente se partilha!”. Apesar disso ou por causa disso, ficou.
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