Grupo vai festejar aniversário em acústico.
Celebrar 20 anos em formato acústico e de forma mais intimista quer dizer que os Blind Zero estão mais recatados?
Não acredita, portanto, que os rockeiros amoleçam com a idade?
Não. Nada disso. Nós temos tentado não perder a urgência do que fazemos. O amadurecimento não está na ordem do dia.
O que é que se descobre quando se despem as canções?
Descobre-se o valor das palavras, que, no caso destes formatos acústicos, acabam por ganhar mais espaço. Consegue-se ir ao cerne da questão, uma vez que se perde toda aquela capa de energia e de formatação de estúdio. Não se trata bem de ir à pele e osso, mas a verdade é que nestes casos aparece mais a filigrana [risos]. É como aquela história do elefante numa loja de cristais: andamos com cuidado para não partir nada. E o feedback que temos tido das pessoas tem sido incrível.
Vinte anos depois, que leitura fazem do vosso percurso?
Tem sido um percurso com identidade. O sentimento comum a todos os elementos da banda é de grande privilégio. Não é muito normal um grupo como o nosso, que ainda por cima canta em inglês, conseguir esta longevidade. Por isso, estamos muito felizes. Sabemos que sempre que subimos a um palco não estamos só a viver aquele momento concreto, mas vinte anos de percurso.
Assim de repente, qual é primeira memória que tem do início dos Blind Zero?
A gravação do primeiro disco foi uma loucura. Nós tínhamos um ano de vida. Recordo-me que, às tantas, o guitarrista quis sair do estúdio porque lhe tinha caído a ficha do que estávamos a fazer [risos]. Lembro-me de o Ronnie Champagne [produtor que já tinha trabalhado com Jane’s Addiction e Alice in Chains] entrar em estúdio e de nós estarmos completamente deslumbrados. É engraçado olharmos para trás e vermos como se transformou uma banda que tinha uma dúzia de canções num projeto marcante. Acho que aqueles tempos nos formaram o caráter.
Foi com o ‘Trigger’ que tudo começou. Que relação é que vocês têm hoje com aquele primeiro disco?
Temos sentimentos muito diversos. É um disco do qual eu me sinto muito afastado do ponto de vista estético. Já o tenho dito várias vezes.
Mas muita gente se refere a ele como um disco de culto. Nunca vos passou pela cabeça regravá-lo?
Esse disco pertence a uma editora que não é nossa. Já pensámos em regravá-lo, mas ao vivo. Há muitas pessoas que dizem que aquele disco as marcou, que vêm ter comigo e me dizem que se casaram ou namoraram ao som daquelas canções, mas pessoalmente é um disco que não ouço. Tenho de fazer algo para me reconciliar com ele. Sou muito crítico e não me sinto satisfeito nem com a minha performance vocal nem com a gravação que foi feita.
É muito saudosista em relação ao passado?
Não, nada. Olho para para trás com algum romantismo mas também com algum sentido crítico.
Os Blind Zero são hoje reconhecidos como merecem?
Este país não preza a cultura que se faz por cá. Acho que nenhuma banda está onde merece estar.
Pelo facto de estarem juntos há tantos anos, também têm aquela sensação de que os Blind Zero são mais do que um projeto profissional?
Sim, nós somos hoje como uma família. Claro que não é fácil nem é pacífico gerirmos os nossas personalidades, mas também nunca foi [risos]. Quando éramos novos, no entanto, era muito mais difícil.
E como é que se faz para se ultrapassar os momentos menos bons, que são comuns a qualquer banda?
Acho que o respeito e a felicidade pelo que fazemos nos ajudaram muito. Depois, nunca houve um líder, nunca tivemos esse espírito. O tempo ensinou-nos a sermos pacientes uns com os outros e até a admirarmos os defeitos e as diferenças.
Nunca se sentiram deslumbrados pelo sucesso que tiveram logo no início?
Muito sucesso pode ser destrutivo e nós sempre tivemos a noção disso. É verdade que tivemos um sucesso inicial que foi estrondoso, mas depois obrigámo-nos a acalmar. Os discos seguintes, ‘Redcoast’ e ‘One Silent Accident’, foram de corte, a contrariar o que tínhamos feito. Depois de 2005, por exemplo, estivemos cinco anos sem gravar e infligimos a nós próprios um certo desaparecimento. Depois disso, veio ‘Luna Park’. E por isso sempre fizemos um percurso a pensar em ser verdadeiros. Não há grande segredo.
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