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Rui Veloso: "Era tudo mau, o material, o público e os locais para tocar. Até o vinho era mau"

Numa grande entrevista de fundo, Rui Veloso recorda o lançamento de 'Ar de Rock' há 40 anos e desfia memórias

17 de julho de 2020 às 20:49

Parece consensual que 'Ar de Rock' foi o disco que deu, em definitivo, o pontapé de saída para o movimento do rock português em Julho de 1980. A ‘Rapariguinha do Shopping’, ‘Bairro do Oriente’, ‘Sei de uma Camponesa’ e especialmente ‘Chico Fininho’ tomavam o país de assalto. Hoje, quarenta anos depois, Rui Veloso, a quem um dia alguém achou por bem chamar "o pai do rock português", olha para trás, explica porque razão aquele disco foi tão marcante e revela memórias e episódios de um tempo do qual garante não ter saudades.  

‘Ar de Rock’ foi lançado originalmente em Julho de 1980. Parece-lhe que foi ontem?

O que é que se recorda da gravação desse disco?

Conta-se que o ‘Ar de Rock’ foi gravado em muito pouco tempo!

É verdade que as bobines originais onde foi gravado o ‘Ar de Rock’ foram apagadas?

Porquê?

Naquela altura não se deslumbrou com aquele meio, de repente a gravar para a Valentim de Carvalho?

Tinha apenas 22 anos quando gravou esse disco. Como era o Rui Veloso naquela altura?

A piorar porquê?

O ‘Ar de Rock’ foi gravado inteiramente em português, porque a editora já o tinha convencido a deixar o inglês ou porque o Rui quis que fosse assim?

O ‘Ar de Rock’ ainda hoje é apontado como o disco que serviu de ignição ao boom do rock português. Afinal, o que é que ele teve de especial?

Algumas letras do disco, especialmente a do ‘Chico Fininho’ foram também elas uma pedrada no charco e secalhar nem eram aconselháveis para todas as idades. Nunca foi censurado por causa do ‘Ar de Rock’?

Quem era a criança que aparecia sentada com o Rui Veloso na camioneta na capa do disco?

E a camioneta era sua?

"O Carlos Tê puxava o melhor de mim"

Por causa do sucesso do 'Ar de Rock', no final de 1980 foi convidado para fazer a primeira parte dos Police. Como é que foi esse concerto?

Também já não me recordo de grandes coisas. O que eu me lembro é que foi no Estádio do Restelo e que assim que subimos ao palco, ficámos impressionados com o som. Era como se tivéssemos passado de um Fiat 500 para um Rolls Royce. Dissemos uns para os outros: "Agora já percebemos como é que tocam os grandes". Mas correu muito bem. Tive de tocar duas vezes o ‘Chico Fininho’, até porque o nosso repertório não era grande. Tenho para aqui algumas caessetes gravadas que tenho que voltar a ouvir para ver o que tocávamos.

Mas vocês já gravavam os concertos que faziam?

Devem ter ficado muitas histórias para contar!

O Rui já passou, entretanto, a barreira dos 60 anos. Esta coisa de ser sexagenário, pesa mais física ou psicologicamente?

É lixado (risos). Não tem interesse nenhum, já dói tudo. E depois começamos a ver o horizonte mais perto e a vislumbrar o fim da linha. Poêm-se muitas coisas em causa, começamos a pensar que se calhar já não temos tempo para fazer coisas que queríamos, nem sequer para ler os livros todos que gostaríamos. A quantidade de ídolos meus que já vi partir, como o Bowie, o Prince ou o Tom Petty ainda nos leva a pensar mais nisto.

E que prazer é que ainda se tira do palco com esta idade?

O Rui Veloso já não lança um disco há mais de quinze anos. Porquê?

Mas não tem pressa de lançar novo disco!

Não, até porque hoje não faz muito sentido gravar discos. Mais vale ir lançando uns singles.

Então o que prevê para o futuro próximo?

Olha! Para o ano o disco ‘Auto da Pimenta’ faz trinta anos e eu estou a pensar tocá-lo ao vivo, o que nunca aconteceu. Foi o meu filho Manuel que me lembrou disso, porque ele chegou a dá-lo na escola. É um disco que é complexo de levar para palco porque tem muitos instrumentos, mas quero mesmo fazê-lo. Não é fácil, mas é possível. É só preciso encontrar um patrocínio. Há ali canções que eu gosto mesmo muito.    

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