Isabel de Castro, uma das mais talentosas actrizes portuguesas do último meio século, morreu ontem, às 13h00, vítima de doença prolongada. O seu funeral realiza-se hoje em Borba, Évora.
A mulher que Portugal conhecia do teatro e do cinema (rodou nada menos do que 69 filmes e trabalhou com as maiores companhias portuguesas) tinha 74 anos, sofria de doença prolongada e nos últimos meses já estava muito debilitada, vivendo praticamente como uma reclusa. No entanto, ainda no ano passado Isabel de Castro conseguiu reunir forças para rodar aquele que seria o seu último trabalho no grande ecrã: ‘A Casa Esquecida’, um filme de Teresa Garcia que ainda não estreou nas nossas salas.
Do teatro, despediu-se em 2002, ao subir ao palco do Teatro Nacional de S. João, no Porto, para protagonizar, ao lado de Maria de Medeiros e sob a direcção de Ricardo Pais, a célebre tragédia ‘A Castro’, de António Ferreira.
BELEZA SEDUZ ESPANHA
Isabel Maria de Castos Osório de Castro e Oliveira nasceu em Lisboa a 1 de Agosto de 1931 e teve um início de carreira precoce: aos sete anos escrevia ficção, aos nove poesia e a sua novela ‘Antes de a Vida Começar’, escrita aos 16, foi publicada em 1951. Com apenas 14 anos, entrou no filme ‘Ladrão Precisa-se’, de Jorge Brum do Canto, e representou três peças no Teatro Estúdio do Salitre.
A sua beleza invulgar chamou desde logo a atenção dos produtores espanhóis, que a chamaram ao país vizinho para rodar vários filmes, desde ‘Barrio’, de 1947, a ‘El Golfo que vio una Estrella’, de 55. Em Portugal, entrou em obras tão importantes como ‘Brandos Costumes’ (1975), ‘Francisca’ (’81), ‘Um Adeus Português’ (’86), ‘Chá Forte com Limão’ (’93) ou ‘Tráfico’ (’98).
Com um sentido de humor muito peculiar, chegou a dizer que em Portugal “não há carreiras”. No entanto, poucas actrizes tiveram oportunidade de trabalhar com tantos encenadores diferentes e de representar tantas peças. Isabel de Castro passou pelos palcos do Teatro Avenida, Trindade, Teatro Experimental do Porto, Monumental, Teatro Experimental de Cascais, Cornucópia, Teatro Aberto, S. Luiz ou Casa da Comédia. Durante anos, brilhou no elenco do extinto Grupo de Teatro Hoje (Teatro da Graça), onde representou peças dos maiores dramaturgos naturalistas sob a direcção do lendário Carlos Fernando.
Por opção, fez pouca televisão, começando nos anos 80 em ‘Duarte & Companhia’. Fez ainda ‘Alves dos Reis’ (2000) e duas novelas, ‘A Grande Aposta’ e ‘Anjo Selvagem’.
'ADMIRAVA-A MUITO'
Trabalhei com a Isabel de Castro mais do que uma vez, até fiz uma digressão a África com ela: fomos a Angola e Moçambique. Tínhamos uma relação muito boa, eu admirava-a muito porque ela era muito boa pessoa. Muito humana e muito boa mãe. É um grande desgosto, perdê-la. Perder mais uma pessoa querida do nosso teatro. (Eunice Muñoz, actriz)
'GRANDE PERDA PARA O TEATRO'
É mais um vazio e uma grande perda para o teatro português e para o panorama do espectáculo nacional. A Isabel era uma grande colega e uma grande amiga de há muitos anos, uma mulher que eu muito estimava. Andei com ela no Conservatório, eu e a minha mulher, e ficámos amigos desde aí. Fizemos muitos trabalhos juntos, em teatro, cinema e televisão. (Ruy de Carvalho, actor)
'UMA ACTRIZ MARAVILHOSA'
A morte da Isabel de Castro é uma grande perda. Era uma actriz maravilhosa, quer em teatro quer em cinema. Era, para além do mais, uma pessoa muito original, muito extravagante e muito cheia de curiosidade pelas coisas e pelas pessoas. Nunca tinha um tostão, mas era maravilhosa e lindíssima. (Jorge Silva Melo, encenador)
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