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"O samba só não desapareceu porque o povo não deixou": Músico brasileiro Paulinho da Viola de volta a Portugal

Aos 82 anos, apresenta-se dia 29 no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e no dia 1 de Novembro na Casa da Música, no Porto

25 de outubro de 2025 às 01:30

Após mais de duas décadas sem tocar em Portugal, Paulinho da Viola, um dos mais importantes nomes do samba do Brasil, está de volta a Portugal. O músico, de 82 anos, apresenta-se dia 29 no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e no dia 1 de Novembro na Casa da Música, no Porto. Consigo traz o espetáculo 'Quando o Samba Chama', com o qual há mais de dois anos percorre o Brasil. "É um espetáculo que reúne algumas músicas da minha autoria mas também de outros compositores. Algumas dessas músicas eu não já não canto há muito tempo. No fundo é um concerto que conta uma história, a minha e a do samba", diz ao CM.

Esta é a terceira vez que o músico viaja para Portugal, isto depois de em 2020 ter tido, por cá, dois concertos cancelados por causa da pandemia. "O primeiro concerto que fiz em Portugal foi em 1981 e o segundo em 2001. Foram duas experiências muito interessantes", diz Paulinho que não esquece duas pessoas que teve o prazer de conhecer. "Uma das experiências mais gratificantes foi conhecer o Carlos do Carmo. Foi muito gentil e levou-me para conhecer alguns lugares e apresentou-me uma grande cantora chamada Argentina Santos". A segunda passagem pelo nosso pais, em 2001, foi com a mulher e quase como turista. "Tive um espetáculo em Roterdão, e o avião fazia escala em Lisboa. Como a minha mulher ainda tem parentes em Portugal e não conhecia, acabei por ficar uns dias", conta. 

Nascido no Rio de Janeiro a 12 de novembro de 1942, e filho de músico [Benedicto Cesar Ramos de Faria], Paulinho da Viola começou, em criança a interessar-se por ouvir sambas e choros, tendo aos 15 anos começado a tocar viola, muito embora o pai não aprovasse o interesse. Daqueles tempos guarda "uma infância muito feliz, vivida no seio de uma família muito simples" e uma lembrança particular que o liga a Portugal. "O meu pai tocou 40 anos com um músico chamado Jacob do Bandolim, cujo primeiro bandolim foi feito por um cidadão português que também fez o primeiro violão do meu pai. Chamava-se Francisco Silva e era de Viseu. Conheci-o ainda muito menino e essas são lembranças muito caras para mim". Mais tarde viria a conhecer um outro português pelo qual se apaixonou. "Há uns aos, quando os Madredeus vieram ao Brasil, trouxeram um músico que me impressionou muito chamado Carlos Paredes. Tive a honra de o conhecer e de o ver tocar no Rio, na sala Cecília Meireles. Foi um músico que naquela noite impressionou toda a gente. Atualmente até tenho dois discos dele".  

Com mais de 60 anos de carreira e muitas centenas de espetáculos no percurso, Paulinho da Viola é hoje um dos responsáveis por manter o samba à tona da água e de o manter vivo como género de culto. "O samba é uma coisa tão forte que só não desapareceu porque o nosso povo não deixou. No final das décadas de 1970 e 1980 as rádios aqui no Brasil não passavam samba. A televisão também não, mas era uma coisa tão forte que havia músicos que se reuniam e enchiam ginásios. E o samba sempre foi assim. Como uma coisa popular é um fenómeno muito forte. Podem surgir muitos géneros novos mas o samba tem tantas nuances que ele continua a ser cultuado pelo nosso povo". 

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