Edifício esteve abandonado desde 2001 e foi oficialmente reconhecido em setembro do ano passado como miradouro.
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No Panorâmico de Monsanto, em Lisboa, ultimam-se os preparativos para que aquele local acolha pela primeira vez o festival Iminente, que "tenta reunir todas as subculturas urbanas" e mostrar "o que está a borbulhar" na música e na arte.
O Iminente, que se realizou a primeira vez em 2016, em Oeiras, e já passou também por Londres, foca-se em música e arte, e "tenta reunir todas as subculturas urbanas num festival, num ambiente de comunhão, de várias vertentes, e mostrar o que está iminente, o que está a borbulhar", explicou Alexandre Farto (Vhils), esta quarta-feira, aos jornalistas, durante uma visita ao espaço.
Oficialmente reconhecido em setembro do ano passado como miradouro, com horários de abertura e encerramento, o Panorâmico de Monsanto, construído no Parque Florestal de Monsanto em 1968, e que permite uma vista panorâmica sobre Lisboa, está abandonado desde 2001. Entre sexta-feira e domingo acolhe o festival.
Para os dois palcos, que esta quarta-feira já estavam montados - o principal no exterior e um mais pequeno na cave - está planeado um cartaz "bastante especial", que, pela primeira vez, inclui "artistas estrangeiros, da China, da Síria ou dos Estados Unidos, que se relacionam muito com artistas portugueses ou de expressão portuguesa, ligados à cidade e à urbe".
Mas estes não serão os únicos palcos do Iminente. O fundo da escadaria em caracol, no interior do edifício, irá acolher uma performance do artista sonoro e violoncelista Ricardo Jacinto e atuações de duas 'crews' [grupos] de breakdance, a peça XJS DJ CAR de João Louro, criada em 2002 -- um carro estacionado na cave --, e está preparada para acolher atuações de DJ.
Além disso, haverá outros "momentos especiais de performance e dança" e "algumas surpresas que não foram comunicadas".
Do cartaz musical fazem parte, entre muitos outros, os norte-americanos DJ Maseo, os De La Soul e o 'rapper' Havoc, metade dos Mobb Deep, o cantor angolano Bonga, o músico sírio Omar Suleyman e os portugueses Conan Osíris, Octa Push, Keso, Valete, Gisela João, Fogo Fogo, Norberto Lobo, Sara Tavares, Napoleão Mira, Carlão, Nídia, DJ Glue e Marta Ren & The Groovelvets.
Tirando a colocação dos palcos, de algumas peças ou de balcões de bar, o espaço que acolhe o festival mantém-se inalterado e a ideia da organização foi mesmo essa: "tentar deixar o espaço o mais cru e mais honesto possível como estava, respeitando muitos os 'graffiti' e as obras que já faziam parte do edifício, como o painel de cerâmica no primeiro piso, que fazem parte também do programa de artistas".
As intervenções artísticas "são esculturas ou peças que quase não intervêm no edifício", tirando as palavras que Miguel Januário (com o projeto ±maismenos±) pintou ou colocou nas paredes, os rostos que Vhils está a terminar em janelas e o mural coletivo e peças individuais dos elementos da VSP Crew -- que se juntam no Iminente, 13 anos depois da Visual Street Performance, evento que decorreu em Lisboa, em 2005, e juntou Hium, Klit, Ram, Mar, Time, Vhils e Hibashira.
No espaço será revelado também um mural de homenagem à ativista brasileira Marielle Franco, assassinada em março, no Rio de Janeiro, da autoria de Vhils. Uma peça feita em parceria com a Aministia Internacional.
O alinhamento de artistas inclui ainda os portugueses Wasted Rita, Pedro Gramaxo, Boris Chimp 504, Sónia Balacó e o coletivo FAHR 021.3, a dupla espanhola Pichiavo, o francês de origem portuguesa André Saraiva e o angolano Francisco Vidal.
Esta primeira edição do Iminente no Panorâmico de Monsanto - estão já garantidas mais duas - servirá para a organização perceber melhor o local.
"É um espaço que tem muito que aprender, tem muito que explorar. Há uma parte que não vai estar acessível [o último andar], por querermos conhecê-lo bem", referiu Alexandre Farto.
O que ali irá acontecer depois do festival, "cabe a Câmara de Lisboa [que coorganiza o festival] decidir, mas a ideia é também abrir o espaço a outras ideias e a outros criadores que terão que pensar noutros projetos para aqui".
A organização tentou que o festival "respeitasse todo o espaço e também o parque, um sítio muito especial" da cidade e, por isso, apela a que o público deixe o carro em casa e opte por usar os transportes públicos.
Nos dias do festival haverá 'shuttles' da Carris, gratuitos para quem tiver bilhete, entre o recinto e Sete Rios, e entre o recinto e o Campus Universitário da Ajuda. Além disso, haverá dentro do recinto um parque de estacionamento para bicicletas.
Numa cidade com "uma aura muito especial" e "a viver um momento criativo muito forte", Vhils destaca a importância de iniciativas como o Iminente para "mostrar a contribuição que todas estas subculturas conseguem dar à cidade, porque muitas vezes não tiveram este espaço durante muitos anos".
Desta vez, a organização decidiu "abrir o espaço a outros projetos", tendo para isso sido criado um espaço onde novos criadores e uma galeria do Porto, a Circus, irão dar a conhecer o seu trabalho. Uma espécie de feira "ligada ao skate, ao 'graffiti' e a subculturas".
Nesta edição haverá também um programa de debates, com curadoria do investigador em Estudos Urbanos António Brito Guterres, "numa exploração de temas que visam fomentar a integração, igualdade e conhecimento".
Tal como em edições anteriores, haverá uma zona de restauração e uma loja da Underdogs, plataforma responsável pela curadoria da parte artística do festival, com uma seleção de livros, edições artísticas e outros produtos.
A lotação é limitada a 4.500 bilhetes por dia e os de sexta-feira e de sábado estão esgotados.
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