Governo decretou luto nacional para assinalar a morte da escritora, aos 96 anos.
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É a palavra mais repetida a propósito de Agustina Bessa-Luís e José Saramago foi dos primeiros a usá-la: "génio".
A morte da autora de ‘A Sibila’, esta segunda-feira, aos 96 anos, provocou uma onda de consternação na sociedade portuguesa, com dezenas a lamentar que tenha partido.
Marcelo Rebelo de Sousa escreveu, no sítio da Presidência da República, que "há personalidades que nenhumas palavras podem descrever no que foram e no que significaram para todos nós" e apresentou as suas "sentidas condolências" à família.
Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa-Luís nasceu a 15 de outubro de 1922 em Vila Meã, Amarante. Em 1945 casou-se com o estudante de advocacia Alberto Oliveira Luís, que tinha conhecido depois de publicar um anúncio no jornal à procura de um "correspondente culto".
Três anos depois lançava a sua carreira literária, com a publicação da novela ‘Mundo Fechado’, mas foi ‘A Sibila’, de 1954, que a tornou conhecida – e respeitada – no mundo literário.
Irónicos, sagazes, críticos até fazer sangue, os romances de Agustina Bessa-Luís dão-nos a conhecer o Mundo e as pessoas com crueza e sem enfeites. A própria dizia que os seus escritos eram "uma espécie de confissão espontânea" que colocava no papel.
Ao longo da vida literária, Agustina publicou quase 50 romances, seis biografias, cinco peças de teatro, quase trinta volumes de crónicas, ensaios e livros de memórias. O seu último romance, ‘A Ronda da Noite’, foi publicado em 2006, pouco antes de um acidente vascular cerebral lhe ter retirado o vício e o prazer da escrita e de a ter afastado, para sempre, dos olhares do público.
O Governo decretou, para esta terça-feira, dia de luto nacional pela morte da autora de ‘O Manto’ e ‘As Pessoas Felizes’. A cerimónia fúnebre decorre na Sé Catedral do Porto, onde o corpo da escritora está em câmara ardente desde as 10h30.
Às 16h00 serão celebradas exéquias solenes e, finda a cerimónia religiosa, o corpo segue para o Cemitério do Peso da Régua, em Vila Real, onde será sepultado na "intimidade da família".
Talento multifacetado, foi diretora de um jornal e do Teatro Nacional D. Maria II
Além da atividade literária, Agustina Bessa-Luís envolveu-se noutros projetos. Foi membro do Conselho Diretivo da Comunidade Europeia dos Escritores (1961-1962), diretora do diário ‘O Primeiro de Janeiro’ (1986 e 1987) e foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social.
Entre 1990 e 1993 assumiu a direção do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, uma nomeação de Pedro Santana Lopes não isenta de polémica.
Manoel de Oliveira levou várias vezes as suas palavras ao ecrã
Sempre houve uma grande cumplicidade entre o realizador Manoel de Oliveira e a escritora – também por serem ambos do Norte – e foi Oliveira quem a projetou no cinema, assinando os filmes ‘Francisca’ (1981); ‘Vale Abraão’ (1993); ‘O Convento’ (1995); ‘Party’ (1996); ‘Inquietude’ (1998); ‘O Princípio da Incerteza’ (2002) e ‘Espelho Mágico’ (2005).
No entanto, o último filme realizado a partir da obra de Agustina Bessa-Luís foi ‘A Corte do Norte’, que João Botelho estreou em 2009.
Saiba mais
1954
foi o ano de viragem: a publicação do romance ‘A Sibila’ tornou conhecido o nome de Agustina Bessa-Luís e valeu-lhe os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz. Apenas dois dos muitos que receberia ao longo da vida, incluindo o Prémio Adelaide Ristori (1975); o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (1983 e 2001) e o Prémio Eduardo Lourenço (2015).
Muitas condecorações
A escritora foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981; elevada a Grã- -Cruz em 2006 e ao grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989.
Alvo de biografia recente
Já este ano, foi lançado o primeiro volume de uma coleção de biografias dedicada a grandes vultos da arte e da cultura portuguesas (Contraponto). A primeira obra, assinada por Isabel Rio Novo, versou sobre Agustina Bessa-Luís. Autora diz que Agustina "continuará a ser lida e apreciada seguramente daqui por cem ou duzentos anos".
Recebeu o Prémio Camões com Chico em pano de fundo
Na altura, a escritora disse-se orgulhosa por ser distinguida com "o prémio mais importante da literatura de língua portuguesa".
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