Pújá é a segunda parte do ády ashtánga sádhana, prática em oito partes, a característica primeira e das 8 principais do SwáSthya Yôga. Pode ter vários significados, como oferenda, honra ou retribuição ética de energia ou de força interior. É sobre este anga que falaremos esta semana, o anga mais importante e marca o início formal da prática de SwáSthya Yôga.
Esta é a forma como nos referimos ao pújá na nossa estirpe, a linhagem Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga, de raízes tântricas e sámkhyas (para saber mais sobre esta linhagem consulte os artigos anteriores desta página on-line).
No entanto, também pode significar adorar, prestar culto, venerar, honrar, reverenciar. Estes significados aplicam-se às escolas de linha Vêdánta, espiritualista e até religiosa, completamente opostos às de linha naturalista, Sámkhya.
Nestas últimas, pújá, tem um sentido naturalista de sintonização com os arquétipos. Para funcionar, tem de ser sempre feito com bháva, que significa sentimento, conduta, amor, inclinação da mente. É um sentimento profundo, intenso, que potencializa e dinamiza a força da técnica.
Numa prática de SwáSthya Yôga, embora o mudrá seja o primeiro anga ou parte, é o pújá que inicia formalmente a prática, sendo constituído pelas quatro saudações prévias do hinduísmo, que são:
1. Ao local da prática, em que o sádhaka ou praticante doa as suas energias ao local que o acolhe. Energia sob a forma de visualização de cores que brotam do seu coração e das suas mãos. Essas cores podem ser laranja para energizar ou rosa para afecto. Deixando, sempre, brotar do coração boas emoções e sentimentos, com intenção e intensidade.
Todos nós, já fizemos pújá a um local qualquer em algum momento da nossa vida. Por vezes, é espontâneo! Não conseguimos deixar de sentir. Já ouvi vários artistas contarem, em entrevistas, que antes de uma representação necessitam ficar sozinhos no palco, sintonizando-se com o espaço que os acolhe. Só assim conseguem uma boa performance. Isso é pújá ao local.
2. Ao instrutor que ministra a prática em curso. Este segundo passo é importantíssimo, pois permite que o professor não fique exaurido com as aulas que dá. Sabemos que aquele que recebe um bom pújá dos seus alunos dá aulas bem mais fortes e profundas do que aquele que não recebe. É com a energia, previamente, oferecida pela turma que o professor vai ministrar a prática. Aqui a emissão de cores para o instrutor, pode ser laranja, rosa ou verde claro.
No Oriente, é vulgar o pújá aos professores. Faz parte da ética. Se nós no Ocidente aplicássemos, naturalmente, esta técnica a todos os professores, desde a primária à faculdade, com certeza que os docentes e educadores dariam muito mais e melhor de si, pois haveria uma doação de energia dos alunos que, inevitavelmente, retornaria potenciada por aquele que a recebeu, o professor. A melhor comparação, e que torna mais fácil para nós Ocidentais entendermos o pújá, talvez seja a ideia da criança que, voluntariamente e por puro carinho, sem esperar receber nada em troca, oferece a sua maçã ao seu professor. É uma imagem linda e bem forte, que define na perfeição o pújá e o quanto este deve ser feito de maneira desinteressada.
3. Ao Mestre vivo mais antigo da nossa linhagem, pois como se subíssemos uma escadaria, chegamos àquele que nos conecta com a fonte. Na nossa escola é o Mestre DeRose. A função do pújá é estabelecer uma corrente de sintonia entre o discípulo e o Mestre e, logo de seguida, realizar energeticamente o fenómeno dos vasos comunicantes. Quem tem mais força e conhecimento é o Mestre. Contudo, pela Lei Natural de Acção e Reacção, a Lei do Karma, se o primeiro tomar uma atitude vampiresca e parasitária de só querer receber, gera um campo de força, de reacção que bloqueia tudo e o pújá, tal como ele é entendido e experênciado, não acontece. No caso do pújá ao Mestre, as cores que devem ser visualizadas são o dourado, para lhe conferir força, poder e energia e capacidade de trabalho ou o verde claro, para que a tónica esteja na saúde e longevidade.
4. Ao criador do Yôga. Um dos nomes atribuídos ao criador do Yôga é Shiva. Estima-se que tenha vivido, há mais de 5.000 anos, na Índia antiga. É neste arquétipo do yôgi perfeito que culmina o pújá, em que o praticante oferece o seu empenho e a sua emoção de praticar Yôga, ligando-se, assim e inevitavelmente, à fonte primeira do Yôga pré-clássico, o SwáSthya Yôga
Esta variedade de pújá, feita em aula denomina-se manásika pújá ou mental. No entanto, existem outras maneiras de o fazer. O báhya pújá, material, em que se oferecem prendas em circunstâncias de cerimónia, festivas ou sociais. Mas pújá só é entendido como tal quando é feito em sentido ascendente, isto é, de um aluno ao seu instrutor, de um instrutor ao seu monitor ou Mestre. Se um instrutor oferecer uma prenda de anos a um aluno seu, isso não é pújá. É um gesto de carinho. Pújá é algo mais que isso. Exige que a pessoa esteja em perfeita sintonia com a linhagem que escolheu para o poder fazer com bháva e naturalidade. Caso contrário, não há pújá
Curiosamente, em português pujante significa possante, que tem grande força e pujar quer dizer superar. Deixo-vos com esta reflexão, até à próxima semana, em que serão brindados com mais um artigo sobre SwáSthya Yôga.
Se quiser saber mais, nada como ler o “Faça Yôga Antes Que Você Precise” do Mestre DeRose disponível para download gratuito no site www.uni-yoga.org
Uma boa semana para todos! SwáSthya!
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