Se por tipos entendermos as linhagens, existem quatro: o Yôga Pré-Clássico (que é o nosso), o Clássico, o Medieval e o Contemporâneo. Eles são completamente diferentes e mesmo incompatíveis entre si. Se por tipos entendermos os ramos, então, são 108 reconhecidos e mais algumas centenas de ramos apócrifos, inventados do nada, só com a finalidade de enganar o público.
Estas são algumas modalidades de Yôga. Como pode constatar, não têm nada a ver com a Educação Física:
RÁJA YÔGA, O YÔGA MENTAL
Possui um número maior de técnicas mentais do que outras modalidades de Yôga.
Rája significa real (dos reis). Consiste em quatro partes ou angas: pratyáhára (abstração dos sentidos), dháraná (concentração mental), dhyána (meditação) e samádhi (hiperconsciência). Posteriormente, em torno do terceiro século antes de Cristo, a estas quatro técnicas, foi acrescentada uma introdução constituída por outras quatro (yama, niyama, ásana, pránáyáma) com o que se codificou o Ashtánga Yôga, ou Yôga Clássico. Veja, mais adiante, a explanação sobre o Yôga Clássico.
BHAKTI YÔGA, O YÔGA DEVOCIONAL
A tónica é a devoção. Utiliza mais mantra e pújá que as outras modalidades de Yôga.
Bhakti significa devoção. O Yôga devocional não é forçosamente espiritualista. Nas suas origens pré-clássicas, sua fundamentação era naturalista e na região em que floresceu não foram encontradas evidências da existência de religiões institucionalizadas. Consiste em cultuar as forças da Natureza, o Sol, a Lua, as Árvores, os Rios, etc.
KARMA YÔGA, O YÔGA DA ACÇÃO
Ensina como agir na vida e no mundo para estar de acordo com a lei do karma.
Karma significa acção. É um Yôga que induz à acção. Sua vertente medieval passou a ter conotações da filosofia Vêdánta, o que lhe conferiu um ar de “acção desinteressada”, quando na verdade a proposta é impelir à acção, ao trabalho, à realização. Por certo, tal dinâmica em princípio não visa a benefícios pessoais, recompensas ou reconhecimento.
JÑÁNA YÔGA, O YÔGA DO AUTOCONHECIMENTO
Dá mais ênfase à busca do autoconhecimento pela via da meditação.
Jñána significa conhecimento. O método dessa modalidade consiste em meditar na resposta que o seu psiquismo elaborar para a pergunta “quem sou eu?”, até que não haja mais nenhum elemento que possa ser separado do Self e analisado. Nesse ponto, o praticante terá encontrado a Mónada, ou o Ser.
LAYA YÔGA, O YÔGA DAS PARANORMALIDADES
Desenvolve os poderes paranormais através de técnicas corporais, respiratórios, mantras, etc.
Laya significa dissolução. A intenção neste tipo de Yôga é dissolver a personalidade, ou seja eliminar a barreira que existe entre o ego e o Self. Como o Self ou Mónada é o próprio Absoluto que habita em cada ser vivente, ao ser dissolvida a barreira da personam, todo o seu poder e sabedoria fluem diretamente para a consciência do praticante.
MANTRA YÔGA, O YÔGA DO DOMÍNIO DO SOM E DO ULTRA-SOM
Como já diz seu nome, o ênfase é dado aos mantras.
Mantra significa vocalização. Trata-se de um ramo de Yôga que pretende alcançar a meta através da ressonância transmitida aos centros de energia do próprio corpo, conduzindo-os a um pleno despertar. Como consequência, a consciência aumenta e o praticante atinge o samádhi.
TANTRA YÔGA, O YÔGA DA SENSORIALIDADE
Utiliza a sexualidade como alavanca para a evolução interior.
Tantra significa, entre outras coisas, a maneira correcta de fazer qualquer coisa, autoridade, prosperidade, riqueza; encordoamento (de um instrumento musical). É a via do aprimoramento e evolução interior através do prazer.
Ensina como se relacionar consigo mesmo, com os outros seres humanos, família, superiores ou inferiores hierárquicos, animais, plantas, meio ambiente, tudo enfim. Também trata de tudo o que se refira à sensorialidade e à sexualidade. Pretende atingir a meta mediante o reforço e canalização da líbido.
SWÁSTHYA YÔGA, O YÔGA ANTIGO, DE RAÍZES PRÉ-CLÁSSICAS
Trata-se do próprio tronco do Yôga Pré-Clássico, do qual nasceram todos os outros. Por isso, é o Yôga mais completo do mundo.
Swásthya significa auto-suficiência, saúde, bem-estar, conforto, satisfação. É baseado em raízes muito antigas (Tantra-Sámkhya) e por isso é tão completo, pois possui o gérmen do que, séculos mais tarde, deu origem aos oito ramos mais antigos (Ásana Yôga, Rája Yôga, Bhakti Yôga, Karma Yôga, Jñána Yôga, Laya Yôga, Mantra Yôga e Tantra Yôga).
Sua prática consiste em oito feixes de técnicas, a saber: mudrá (linguagem gestual), pújá (sintonização com o arquétipo), mantra (vocalização de sons e ultra-sons), pránáyáma (respiratórios), kriyá (purificação das mucosas), ásana (técnica orgânica), yôganidrá (técnica de descontração) e samyama (concentração, meditação e outras técnicas mais profundas).
SUDDHA RÁJA YÔGA, UMA VARIEDADE DE RÁJA YÔGA MEDIEVAL, PESADAMENTE MÍSTICO
É uma vertente do Rája Yôga, que inclui mantras e rituais.
Suddha significa puro. Dá a entender que pretende ser a versão mais pura do Rája Yôga, o que não é verdade, já que o Rája Yôga era de fundamentação Sámkhya e o Suddha Rája é fundamentado pelo ponto de vista oposto, o Vêdánta. Consiste em mantras e meditação.
KUNDALINÍ YÔGA, O YÔGA DO PODER
É o ramo especializado no despertamento das energias latentes no sistema nervoso central.
Kundaliní significa aquela que tem a aparência de uma serpente. É um tipo de Yôga que visa ao despertamento da energia que leva o seu nome (kundaliní). Essa energia está situada no períneo e tem relação directa com a sexualidade.
O seu despertamento e ascensão pela medula espinal até ao cérebro produz uma constelação de paranormalidades, culminando num estado expandido da consciência denominado samádhi, que é a meta do Yôga. Na verdade, não apenas esta modalidade, mas todos os tipos autênticos de Yôga trabalham o despertamento da kundaliní, conforme nos diz o Dr. Sivánanda em seu livro Kundaliní Yôga, página 70.
SIDDHA YÔGA, O YÔGA DO CULTO À PERSONALIDADE DO GURU
De origens tântricas, usa muita meditação e mantras.
Siddha significa o perfeito, ou aquele que possui os siddhis (poderes paranormais). Pelo nome, dá a entender que tem parentesco com o Kundaliní Yôga, mas com o qual manifesta pouca similaridade. Pratica-se muito mantra, pújá e meditação, mas a base é mesmo a reverência à personalidade do guru.
KRIYÁ YÔGA, O YÔGA QUE CONSISTE EM AUTO-SUPERAÇÃO, AUTO-ESTUDO E AUTO-ENTREGA
O verdadeiro Kriyá Yôga consiste em três subdivisões do anga niyama, que são normas éticas.
Kriyá significa actividade. Trata-se de um Yôga muito difundido nos Estados Unidos na década de 50 e que hoje mantém ricas instalações. Consiste em três niyamas (normas éticas): tapas (auto-superação), swadhyáya (auto-estudo) e íshwara pranidhana (auto-entrega). É citado no Yôga Sútra, livro do século III a.C.
A maioria o estuda por livros. O melhor livro é o Tantra Yôga, Náda Yôga e Kriyá Yôga, de Sivánanda, Editorial Kier, Buenos Aires. Essa é a única obra que ensina abertamente o Kriyá Yôga, sem fazer mistério.
YÔGA INTEGRAL, O YÔGA DE INTEGRAÇÃO NAS ACTIVIDADES DO DIA-A-DIA
Trata-se de uma modalidade contemporânea, que propõe a incorporação da filosofia do Yôga à vida quotidiana.
É chamado Yôga Integral não por ser mais integral que os outros, como o nome pode sugerir por associações com os alimentos integrais.
Denomina-se assim porque sua proposta é integrar-se na vida profissional, cultural e artística do praticante. Foi criado por Sri Aurobindo, que defendia o desejo de que “o Yôga cesse de parecer alguma coisa mística e anormal que não tenha relações com os processos comuns da energia terrena”.
YÔGA CLÁSSICO, UM YÔGA ÁRIDO E DURO, COM RESTRIÇÕES SEXUAIS E OUTRAS
É um Yôga patriarcal e restritivo. Muita gente usa o rótulo de Yôga Clássico, mas ensina outra coisa qualquer.
O Yôga Clássico – ou Ashtánga Yôga – não é o Yôga mais antigo nem o mais completo, como se divulga. O mais antigo e completo é o Pré-Clássico. O Yôga Clássico tem um nome forte, mas sua prática é inviável para o homem moderno devido à lentidão com que seus passos são trilhados.
A prática é tão restritiva e árida que ninguém pagaria para receber esse tipo de aprendizado. Por isso, o que se vê no Ocidente são escolas que exploram o célebre nome desse ramo, mas na prática ensinam Hatha Yôga.
O Yôga Clássico é constituído por oito partes ou angas que são: yama, niyama, ásana, pránáyáma, pratyáhára, dháraná, dhyána, samádhi. No Brasil e em Portugal, o melhor livro é o Yôga Sútra de Pátañjali, publicado pela Uni-Yôga.
ASHTÁNGA YÔGA, O MESMO QUE YÔGA CLÁSSICO
No entanto, o que se encontra nos Estados Unidos é simplesmente um nome de fantasia para o Hatha Yôga da linha do Professor Iyengar, levemente modificado.
HATHA YÔGA, O YÔGA FÍSICO
Modalidade que consiste em técnicas corporais, respiratórios e relaxamento.
Hatha significa força, violência, rapina e não o poético “Sol-Lua”, como declaram alguns livros. Trata-se de uma vertente medieval, fundada no século XI da era Cristã, portanto, é considerado um Yôga moderno, surgido mais de 4.000 anos depois da origem do Yôga primitivo!
É constituído pelos quatro angas iniciais do Ashtánga Yôga (yama, niyama, ásana, pránáyáma), contudo, nas academias os dois primeiros angas não são ensinados, ficando na prática restrito apenas a ásana (técnicas corporais) e pránáyáma (respiratórios).
Outras técnicas podem ser agregadas, tais como bandhas, mudrás e kriyás, mas não forçosamente. A meditação não faz parte e não deve ser incluída numa prática de Hatha. Já foi o Yôga mais popular no Ocidente. No Brasil, hoje está sobejamente suplantado pelo Swásthya Yôga (o Yôga Antigo).
IYENGAR YÔGA, UMA VARIEDADE DE HATHA YÔGA
O nome é inadequado. Iyengar é o nome de um professor de Hatha Yôga.
B. K. S. Iyengar é o nome de um professor de Hatha Yôga. Não é correcto nem ético chamar seu método de Hatha pelo nome do professor. Seria o mesmo que denominar Sérgio Yôga ou Carlos Yôga ao método utilizado por esses Mestres.
Trata-se de uma interpretação extremamente vigorosa do Hatha Yôga. O método é descrito no livro Light on Yôga. A tradução castelhana denomina-se Yôga cien por cien. Foi cometida uma edição em português, tão resumida que não faz justiça ao mérito da obra.
Texto extraído do Livro ”Faça Yôga Antes Que Você Precise” do Mestre DeRose
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.