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Segue o caminho amarelo... para o hospital: os perigos por trás da produção do clássico 'Feiticeiro de Oz'

Desde maquilhagens tóxicas a 'stunts' perigosos, vários elementos do elenco sofreram efeitos secundários nas gravações.

26 de novembro de 2025 às 13:06

A estreia da segunda parte da adaptação do musical da Broadway 'Wicked' para o cinema, 'Wicked For Good', voltou a encantar os fãs de teatro musical e veio, uma vez mais, recordar o universo de 'Oz'. A história que foi contada e recontada de diversas formas ganhou popularidade com a versão protagonizada por Judy Garland, 'O Feiticeiro de Oz', em 1939. No entanto, o lugar além do arco-íris é uma representação da evolução do cinema, principalmente da segurança no trabalho. Desde maquilhagens tóxicas a 'stunts' perigosos, vários elementos do elenco sofreram efeitos secundários nas gravações.

Segue o caminho amarelo... para o hospital

Aquele que foi indicado como o filme mais visto na história do cinema pela Biblioteca do Congresso dos EUA, segundo a revista Forbes, é também o primeiro filme a cores. A longa metragem foi aclamada pela utilização de tecnicolor, um processo de cinema a cores, e pelos efeitos especiais, tendo sido nomeada para os Óscares de "Melhores efeitos especiais" e "Melhor direção artística". No entanto, os bastidores não foram tão glamorosos como se poderia imaginar.

O filme foi produzido no início do século XX, quando vários perigos de segurança e saúde ainda eram desconhecidos. Um dos problemas foi o uso de amianto, bastante utilizado nas decorações na época, nomeadamente adereços e neve artificial. Embora não haja confirmação oficial de que alguma das ocorrências tenha estado diretamente relacionada com a exposição ao amianto, a situação pode ter causado algum problema de saúde.

Confirmado está, porém, que o Homem de Lata, interpretado inicialmente por Buddy Epsen, sofreu uma intoxicação devido à maquilhagem de alumínio puro que lhe dava o tom metálico que a personagem requeria. Pouco depois das rodagens começarem, o ator teve de ser hospitalizado e receber oxigénio. A produção decidiu contratar um substituto, Jack Haley, e trocou a maquilhagem para uma pasta à base de alumínio. Haley desenvolveu uma infeção nos olhos que foi resolvida com tratamento médico.

Além da exposição a químicos tóxicos, a segurança durante os 'stunts' (acrobacias no cinema) também era problemática. Margaret Hamilton, a Bruxa Má do Oeste, sofreu queimaduras significativas, devido aos efeitos especiais de fogo e fumo, na cena de entrada. Depois deste incidente, foi a dupla de Margaret, Betty Danko, que fez a cena onde a Bruxa escreve no céu enquanto voa numa vassoura. Na cena, Betty estava sentada numa vassoura presa a um cano revestido de amianto e suspenso por fios que emitia fumo. No entanto, no terceiro 'take', o cano explodiu e Danko sofreu um corte profundo na perna e ferimentos nos órgãos internos, e a atriz teve de remover o útero.

Os atores que representavam os macacos voadores estavam suspensos por fios defeituosos e terão sofrido ferimentos ao cair de vários metros de altura.

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A maioria dos membros do elenco do 'Feiticeiro de Oz' já morreu, mas os seus herdeiros podem ter motivos para processar por segurança negligente nas gravações. Segundo o Estatuto de Limitações da Califórnia, as queixas devem ser apresentadas no espaço de dois anos após o ferimento ou morte. Contudo, em casos como a exposição a amianto, as vítimas podem processar sob a regra da descoberta tardia, que permite às vítimas apresentar queixa no espaço de um ano desde o momento em que a causa do ferimento ou morte é descoberta.

O aclamado 'Feiticeiro de Oz' fugiu ao Tribunal, mas relembra continuamente a necessidade de regras de segurança durante a produção cinematográfica.

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