Aqui está o filme que foi o veículo para Joaquin Phoenix regressar ao activo após a performance no documentário ‘I’m Still Here’, de Casey Affleck, exibido há dois anos neste mesmo festival. Na altura, o actor carismático deixara crescer a barba e anunciara que deixara de ser actor para se converter numa estrela rap (muito desajeitada, diga-se). Pois bem, agora tudo é diferente. Será?
Uma coisa é certa, Phoenix é mesmo um grande actor. Atormentado, indomável. Ele é Freddie Quell, um ex-marinheiro do pós 2ª Guerra Mundial, sem projectos de futuro, que acaba por cair nas boas graças do líder carismático Lancaster Dodd, numa outra avassaladora prestação de Philip Seymour Hoffman.
Na concorrida conferência de imprensa, foi mesmo PT Anderson quem apaziguou o "elefante na sala" ao confirmar que se tratava de uma personagem "inspirada na vida de L. Ron Hubbard", o 'pai' da Cientologia, e que se "inspirou nesse movimento para criar as personagens".
Já no início, Anderson confirmara ainda que mostrara o filme a Tom Cruise, apesar de já não subscrever o rumor de que o actor não apreciara a passagem em que o filho do ‘Mestre’ afirma a Freddie Quell que o pai "inventa todo o seu discurso eloquente à medida que vai falando".
Não deixa de ser curiosa esta figura do "profeta", presente igualmente em 'Haverá Sangue' (2007) mas também em 'Magnólia' (2000), naquela curta, mas arrebatadora, prestação de Tom Cruise, merecedora de uma nomeação ao Óscar.
Elefante ou não, uma coisa é certa, fica em cima da mesa uma polémica sobre os ideais da Cientologia que fará correr muita tinta.
Sobre 'The Master', já com estreia marcada para 29 de Novembro, será difícil de não ficarmos tocados pelo imenso talento do cineasta americano de 42 anos, e deste rigoroso filme de época (o ano é 1950), visualmente deslumbrante e sabiamente captado no formato já pouco usado de 70mm.
Igualmente pela escolha de um 'cast' de excepção. Se Joaquin sobressai na pele de um ex-marine, ligeiramente corcunda, delirantemente imprevisível e visivelmente assustador, embora na mesma medida sedutor, Hoffman produz um tipo colorido, enérgico - numa palavra, como o político mais convincente.
Só que temos ainda Amy Adams, fervorosa no papel da sua devota e fiel seguidora da 'Causa'. Mais complicado poderá ser a adesão em bloco do público a estas mais de duas horas de uma história complexa que nem sempre mantém a coesão.
Adivinhava-se a obra-prima. Mas não deixa de ser um grande filme de um verdadeiro ‘Mestre’.
Vem ainda a este propósito a referência ao assombroso 'Faith' (fé), do austríaco Ulrich Seidl, a segunda parte da trilogia 'Paradise', dedicada a três mulheres de uma família, também exibido em competição. Depois de 'Love', exibido em Cannes, temos agora a dedicação missionária de uma mulher que usa as férias para propagar a fé católica, andando de porta a porta com uma imagem da Virgem Maria.
Algo muda após a chegada do marido muçulmano ao fim da longa ausência. Imagens fortes deste filme captado como um documentário mostram a devota deitada com um crucifixo a viver um momento erótico, como no final a usar na mesma imagem religiosa as fitas com que costumava sacrificar as costas.
Aqui ficam dois candidatos a prémios em Veneza.
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