A primeira a fazer a ‘viagem’ foi Maria Cavaco Silva. Apreciadora confessa de cerâmica, a primeira-dama não quis partir para Espanha sem antes presidir à inauguração da exposição retrospectiva de faiança portuguesa, patente na Ala Sul do Mosteiro de Alcobaça. Uma mostra que inclui peças muito raras e coloca o visitante no centro de um interessante diálogo entre o antigo e o contemporâneo.
O ponto de partida para o encontro com a história da cerâmica nacional em geral, e de Alcobaça em particular, são as 245 peças do acervo da Casa-Museu Vieira Natividade, uma família que ficou ligada aos anais da região, pelas fortes contribuições que deixou a nível arqueológico, artístico, social e cultural.
De acordo com Jorge Pereira de Sampaio, técnico do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) e comissário da exposição, as peças mostram “quase todos os estilos” da faiança em Portugal. De um lado estão exemplares de cerâmica ratinha de Coimbra, ou da decoração em monte Sinai; do outro trabalhos da Olaria de Alcobaça, a fábrica que serviu de motor ao desenvolvimento do sector no concelho.
Há peças do século XVIII – que se presume terem sido usadas pelos Monges de Cister – e outras com data de 1875, atribuídas ao período em que José Reis Santos, mercador de louça em Coimbra que decidiu abrir a primeira fábrica de cerâmica em Alcobaça.
Seguem-se artefactos de inspiração na olaria barroca do século XVII, exemplares da primeira fornada da Olaria de Alcobaça, pratos com poesia popular e crítica social, entre outras peças ilustrativas “do melhor que se fez ao longo de três séculos” no nosso país.
Deste lote, destaca-se o núcleo da Real Fábrica do Juncal, a mais antiga e importante da região, fundada no âmbito das Reformas Pombalinas para produzir louça de copa e de altar.
A ‘viagem’ à história da faiança termina na actualidade, com a exibição do trabalho das 24 empresas que ainda produzem artigos em cerâmica no concelho de Alcobaça. “Tivemos a preocupação de convidar das mais antigas às mais recentes, das maiores às mais pequenas”, realçou Jorge Pereira de Sampaio.
UMA PEÇA MUITO RARA
A simplicidade dos motivos e o branco-pérola em fundo são características essenciais das peças fabricadas pela Real Fábrica do Juncal, considerada a mais importante da região. Na mostra em exibição no Mosteiro de Alcobaça, encontra-se uma travessa com decoração monocromática a azul, que se distingue das restantes por ter a marca da fábrica e a assinatura do proprietário. Estas particularidades fazem dela uma peça muito rara. Calcula-se que tenha sido produzida em 1770.
REINVENTAR O MOTIVO
Uma das duas áreas da exposição está ocupada com os trabalhos das fábricas de cerâmica em laboração no concelho. Em finais do século XX havia mais de uma centena de unidades a moldar o barro no município. Agora, o levantamento efectuado para esta mostra, revelou que restam 24. A filosofia também mudou. Antes, apostava-se mais na parte decorativa das peças, agora é a forma e o ‘design’ que falam mais alto. E a procura de novas fontes de inspiração, como fez Paula Teresa, que pinta as peças com os padrões dos tecidos de chita.
PARCERIA
A exposição resulta da parceria entre o Mosteiro de Alcobaça (IPPAR) e a Câmara Municipal e contou com o apoio da Associação Comercial, de Serviços e Industrial de Alcobaça (ACSIA).
GRÁTIS
A galeria da Ala Sul está aberta todos os dias, entre as 10h00 e as 19h00, até ao próximo dia 30. A entrada é gratuita, mas o catálogo custa 20 euros.
DIVULGAR
A iniciativa foi acolhida com entusiasmo pelos responsáveis do IPPAR, por mostrar parte do acervo doado pela família Vieira Natividade ao Estado.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.