Queda brutal mata Paulo Gonçalves no Dakar 2020

Motard português encontrado em paragem cardiorrespiratória ao km 276 da 7ª etapa do Dakar.

13 de janeiro de 2020 às 01:30
Paulo Gonçalves Foto: EPA/Andre Pain
Paulo Gonçalves a ser socorrido no areal Foto: EPA/Andre Pain
Último dia de Paulo Gonçalves no Dakar Foto: Lusa/EPA
Último dia de Paulo Gonçalves no Dakar Foto: Lusa/EPA
Último dia de Paulo Gonçalves no Dakar Foto: Lusa/EPA
Último dia de Paulo Gonçalves no Dakar Foto: Lusa/EPA
Último dia de Paulo Gonçalves no Dakar Foto: Lusa/EPA
Último dia de Paulo Gonçalves no Dakar Foto: Lusa/EPA
Último dia de Paulo Gonçalves no Dakar Foto: Lusa/EPA

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Afastado da principal prova de todo-o-terreno em 2018 por lesão e obrigado a abandonar em 2019 após uma queda violenta, Paulo Gonçalves queria triunfar no Dakar deste ano. Nem os problemas no motor da sua mota à 3ª etapa, que até levaram a organização a dá-lo como eliminado, abalaram a sua determinação.

O foco mudou da classificação geral para a vitória em etapas. "Cada dia será encarado como uma nova corrida", deu conta o piloto português, de 40 anos, no seu Instagram, na última mensagem que lhe é conhecida antes da queda brutal que este domingo lhe custou a vida ao quilómetro 276 da 7ª etapa.

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A ligação entre Riade e Wadi al-Dawasir, na Arábia Saudita, toda feita em areia num total de 546 quilómetros repletos de dunas, era extremamente rápida (a velocidade média foi de 119 km/hora). À medida do motard nascido em Esposende que tinha a alcunha de ‘Speedy’ Gonçalves.

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No local da queda, a primeira assistência foi dada pelo piloto Toby Price. O segundo a parar foi Kevin Benavides, o argentino que viria a vencer a etapa depois de a organização lhe ter descontado o tempo que perdeu junto a Paulo, seu antigo colega de equipa. Também o cunhado, Joaquim Rodrigues, ficou desesperado no deserto saudita.

Em choque pela perda de um dos seus membros mais queridos, a caravana do Dakar anulou a 8ª etapa, que se disputaria esta segunda-feira, para as motas e moto 4.

Perfil

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Paulo Gonçalves nasceu a 05 de fevereiro de 1979, em Esposende. Ganhou o gosto pelas motas na oficina do pai. Após títulos nacionais no motocrosse e no supercrosse, triunfou também no enduro.

A oportunidade para dedicar-se às grandes maratonas surgiu em 2006, quando Lisboa recebeu a partida do Dakar.

Além da velocidade que lhe valeu a alcunha de ‘Speedy’ Gonçalves, mostrou tenacidade e enorme capacidade de resistência aos contratempos, que o levaram a vencer uma etapa do Dakar pela primeira vez em 2011 e a ser 2º na geral final em 2015. Em 2013 tinha sido campeão mundial de ralis de cross-country.

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Esposende chora ‘herói’

"Recusava o titulo de ‘herói’ e era até um anti-heróis. Era um homem simples e humilde e que tratava toda a gente pelo nome." É de lágrimas nos olhos que Eduardo Maia recorda Paulo Gonçalves, poucas horas após saber da notícia da sua morte. O autarca de Gemeses, em Esposende, onde o piloto vivia com a família, sublinha que é uma "perda irreparável" de um "verdadeiro herói".

O pesar e a consternação tomaram conta da pequena localidade nas margens do Cávado. "Habituei-me a vê-lo correr ainda pelos montes, teria pouco mais de dez anos. Era um amigo, um amigo dos bons", recorda, também emocionado, Manuel Cruz, dono do café que o piloto frequentava. O autarca de Esposende recordou o último encontro com Paulo Gonçalves: "Estava com a mulher e os dois filhos, feliz e confiante na prova. É difícil acreditar".

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Já os concorrentes que participam no Dakar prestaram este domingo uma sentida homenagem ao motard, na Arábia Saudita.

Competidor sem esquecer a camaradagem

Paulo Gonçalves era a encarnação do desportivismo. No Dakar 2016 parou para ajudar o austríaco Matthias Walkner, que tinha caído.

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A organização acabou por descontar os 11 minutos que perdeu. Já em 2012, tinha-se atrasado 15 minutos para ajudar o francês Cyril Despres, que estava atolado na lama.

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